domingo, 20 de outubro de 2013

DOIS PAÍSES RETRÓGRADOS, DUAS HISTÓRIAS SIMILARES...


A pequena/grande Malala sempre estará vindo à tona por causa de sua valentia de gigante, no corpo de uma frágil adolescente, que, quase foi morta por querer estudar para ajudar seu povo. Não se deve desfazer de nenhum ser humano; mas nem todos os seres são humanos e sim medievais, anticristãos, uma aberração humana.


 Martirizar e matar mulheres mais velhas e com mais experiência de vida, jé monstruoso... O que dizer de uma criança com o QI um pouco mais elevado que o das meninas de sua idade? Poedria até comentar que nesses países, que se amam ratos, macacos, vacas e outros bichos como Deus (comem no chão como cachorros, junto aos ratos), não é de se admirar tamanha falta de cultura, de higiene e senso social


. Isso não é viver dentro de uma comunidade que é impossível  dizer que vivem dentro de um quadro político que age incorretamente, onde não regem os três poderes (legislativo, executivo e judiciário), onde o melhor é o que extermina mais seres humanos e que, nas igrejas ficam de quatro, como cães, bebendo água com ratos....


 E suas ruas é um verdadeiro circo e nelas os humanos andam pelas calçadas junto com animais. Chama isso de "cultura"? Na minha opinião é intercultural. Nós estudamos a vida inteira para sempre aprendermos mais pois o mundo evolui de minuto. Nesses lugares vivem acontecendo aberrações, horrores que não dá para digerir, como o caso de.Lama e Malala, Arábia Saudita e Paquistão: duas meninas, duas medidas, duas faces da mesma moeda.No dia de Natal de 2011, a menina de cinco anos foi internada no hospital.


 Lama tinha costelas e braço esquerdo quebrado, crânio fraturado, hematomas e queimaduras em todo o corpo. Uma assistente social que a viu no hospital disse que a menininha foi estuprada "em todos os lugares". Depois de oito meses inconsciente, a garota morreu.

No dia 9 de outubro de 2012, outra menina, de quinze anos, levou um tiro no rosto. Malala ficou inconsciente, à beira da morte, por uns dias. Conseguiu se recuperar. Uma é obscura. A outra foi chamada de "a adolescente mais famosa do mundo", já recebeu mais de 20 prêmios internacionais, quase levou o Nobel da Paz, e foi recebida por presidentes, famosos, pela rainha da Inglaterra. Foi capa da maior revista semanal brasileira esta semana. A razão para a diferença de tratamento de Lama e Malala: business, just business.



Lama Al-Ghamdi foi morta pelo pai, Fayan al-Ghamdi. É um popular pregador islâmico radical. Foi preso por estuprar e matar sua filha. Há testemunhas de que ele teria feito o que fez por "duvidar da virgindade" da filha. Foi condenado por um tribunal do seu país a oito anos de prisão, oitocentas chicotadas e a pagar uma indenização para sua ex-esposa, mãe de Mala. É uma pena ridícula para os padrões locais. Ativistas denunciam a injustiça da decisão. Um assassinato bárbaro punido com só oito anos de prisão?

Lama nasceu na Arábia Saudita. Vários tipos de crime são passíveis de pena de morte no país (incuindo adultério e bruxaria). Mas um pai não pode ser executado por matar seu filho ou sua mulher. Isso é punido com penas de cinco a doze anos de prisão. Fayan al-Ghamdi é um caso limite. Mas o fato é que a Arábia Saudita tem um histórico assustador no tratamento de crianças. Segundo um estudo, uma em cada quatro crianças é abusada no país.


 A National Society for Human Rights registra que 45% das crianças sauditas enfrentam algum tipo de abuso, ou violência doméstica. Recentemente, outro pregador defendeu na televisão saudita que as meninas devem usar véu a partir dos dois anos de idade. "Se uma menina é desejada sexualmente, os pais devem cobrir sua face e forçá-la a usar o véu", disse Abdullah Daoud à rede Al-Majd.

A Arábia Saudita é uma monarquia islâmica ultra conservadora, desde 1932. Segundo a revista The Economist, é o 7º país mais ditatorial do planeta. Tem a segunda maior reserva de petróleo do mundo. Petróleo é 95% das exportações e 70% da receita do governo. Quase 28 milhões de pessoas vivem no país, berço do Islamismo, onde estão os dois locais mais sagrados para os muçulmanos, Meca e Medina.

É proibido qualquer tipo de teatro, a exibição de filmes, beber álcool, e a pintura de pessoas ou animais. A homossexualidade é crime. Há censura prévia em literatura e nenhuma liberdade de expressão. É proibido ter religiões que não a oficial, islamismo tradicional, wahabita.


 O casamento entre parentes é comum, o que gerou um altíssimo número de crianças com problemas genéticos, como atrofia muscular e surdez. E fundamentalistas sauditas, financiados por ricaços sauditas, causam problemas mundo afora - como os que atacaram Nova York em 2001, como o saudita Osama Bin Laden.

As mulheres penam mais. Mulher não vota. O tráfico de mulheres é comum. A violência sobre as meninas é enorme. Toda mulher saudita adulta tem que ter um "guardião" homem. Elas não têm o mesmo status civil dos homens. Seus testemunhos em tribunal não valem tanto quanto as dos homens.


 Elas têm dificuldade de se divorciar. Na hora de dividir heranças, a filha mulher recebe metade do que o filho homem. A mulher saudita é proibida de guiar automóveis. Há quem chame a situação de "apartheid" - só que em vez de negros, são as mulheres os cidadãos de segunda classe.



A Arábia Saudita, onde Lama morreu, é um país bem mais atrasado que o Paquistão, onde Malala nasceu. O Paquistão é uma república parlamentarista, com 180 milhões de habitantes. Para se ter uma ideia: nas próximas eleições a presidente, um dos candidatos no Paquistão é uma mulher - ou seja, há eleições, e as afegãs tem muito mais autonomia que as sauditas.

O Paquistão é o segundo maior país islâmico, oitavo maior exército do mundo, tem armas nucleares, e é eterno aliado dos EUA, também. É de onde os americanos lutam a guerra contra o Taleban, movimento hiper-real islâmico, cujo objetivo é estabelecer no país a lei da sharia, a lei do Corão.


 O Taleban controla um território no Paquistão, na fronteira com o Afeganistão. Nasceu de um grupo de combatentes fomentado e financiado pelos EUA e pela Arábia Saudita, como contraponto à invasão soviética, nos anos 80. Eram retratados como heróis na mídia ocidental (eles até ajudam os mocinhos em Rambo 3 e 007 - Marcado para a Morte…). Hoje são retratados como os maiores canalhas do mundo. E quem resiste a eles, como herói.

É o caso de Malala. Muito antes de ser baleada pelos Taleban, ela já era célebre internacionalmente. Aos onze anos, escrevia um blog sob pseudônimo para a BBC, descrevendo sua vida em uma região do Paquistão ocupada pelo Taleban, e defendendo os direitos das meninas estudarem. Depois, o New York Times fez um documentário sobre ela. Passou a dar entrevistas para a imprensa global. Ganhou prêmios. Virou alvo.

Malala só sobreviveu porque foi transferida para se tratar na Inglaterra, o que só aconteceu por ser famosa, e por ser ótimo marketing. Foi para a capa da revista Time, como uma das 100 pessoas mais influentes do mundo. Passou a acumular prêmios. Sua família toda vive na Inglaterra hoje. Seu livro, Eu Sou Malala, está sendo lançado simultaneamente mundo afora.


 A campanha para ela levar o Nobel da Paz foi maciça - apareceu em todos os principais programas de TV dos Estados Unidos, nas últimas semanas. Só não levou porque a Academia Sueca resolveu dar um tapinha com luva de chumbo nos EUA, concedendo o prêmio para a OPCW (no Brasil, OPAQ), a Organização para a Proibição de Armas Químicas. É a entidade que afirmava que Saddam Hussein jamais teve armas de destruição em massa, furando o argumento que os americanos usaram pra invadir o Iraque



Malala é bacaninha? Claro. Mas o ponto é que os EUA lutam uma guerra sem fim no Afeganistão, onde já gastaram bilhões sem fim. É o front mais claro da guerra ao terror. É fundamental para o establishment americano que o Taleban seja entendido como não só um perigo global, mas como canalhas cruéis que baleiam menininhas. O que são, sem dúvida.



Enquanto isso, os canalhas cruéis da Arábia Saudita continuam judiando de suas menininhas, com apoio americano. Malala é uma heroína. Lama nem mártir é. A Arábia Saudita é aliado estratégico dos EUA desde 1941. A família real saudita é bancada pelos EUA, que controla a extração de petróleo e gás no país. Retribui de muitas maneiras - por exemplo, comprando mais de US$ 80 bilhões em armas fabricadas por empresas americanas, entre 1951 e 2006. Gastos que estão aumentando: nos últimos anos, o país tem gasto mais de US$ 20 bilhões em defesa anualmente.



Lama e Malala são duas faces da mesma moeda: a hipocrisia imperial americana. Que enfrenta fundamentalistas em um canto do mundo e os apoia em outro. Que defende a liberdade quando é bom para o business, e financia a opressão quando é mais lucrativo. Como fazem governos e poderosos em todo canto; mas ninguém com o poder de fogo dos EUA. Governo e capital americanos tratam as Malas e Malalas do mundo, e aliás todos nós, com dois pesos e duas medidas. A voz de Malala inspira. O silêncio de Lama condena.


Às vezes, me dou uma trégua para não me abater tanto com tantas misérias humanas. Continuo minhas pesquisas contra o femicídio... O que tenho visto é que as mulheres não escrevem nada nesse blog (mas sei que elas estão por dentro do que escrevemos, aconselhamos e nos propomos a ajudar) Qualquer pessoa que precisar da minha ajuda, estarei sempre aqui, solidária e com a força de de Diana, a deusa do Olimpo para tentar solucionar,


Mas os acontecimentos veem acontecendo muito rapidamente, como uma avalanche. Nem o homem que amo e que diz que me ama, já nem se lembra da violência sessual e psicolíca que já passei e não me dedica o amor que mereço por estar sempre ao seu lado, lutando como Joana d'Arc. Só que não pretendo ser queimada viva pois tem milhões de pessoas a serem salvas e é preciso agir.


 Até ao Santo Papa Francesco, a altas autoridades que solicitam ajuda e se calam, como se não tivessem eternado nenhum pensamento, já pedi ajuda, em nome de Deus mas, como disse meu filhinho, quando era quase um bebê e eu pedi para que ele me ajudasse nas minhas vilências.... Ele me disse: - Não chore, mamãe; é porque o mundo é muito grande e tem pessoas precisando de mais ajuda que você. Essa resposta de um pequenino me desarmou, mas continuo vestindo minha armadura e meu cinto de castidade para me assegurar que serei toda de quem eu espero, para lutarmos juntos, com mais vigor.
Texto de: JUSSARA SARTORI
ESCRITORA, POETISA & fREELANCE

Nenhum comentário:

Postar um comentário