Hoje, após ler um comentário de uma amiga chilena, Patricia Alejandra, muito querida e especial, comecei a questionar comigo mesma sobre cultura de todos os países, a maneira de usá-la corretamente e com sabedoria.
Ontem diascorri sobre um assunto ocioso e, lamententavelmente desagradável, que são as múltiplas máscaras que os homens usam para enganar, denegrir, dilacerar e praticar o femicídio.
Jamais parei para pensar que nós mulheres também usamos máscaras para dispersar nosso inimigo mais letal, "o homem das cavernas".
Elas mudam conforme a cultura de cada lugar (por vontade própria ou por imposição). As mulheres paquistanesas e afegãns, têm o rosto e o corpo coberto por uma burca, por imposição do Islã Radical e a Rpública laica.
A burca é um sinal de vínculo ao fundamentalismo. Ela significa que as mulheres não devem ter lugar a esfera pública e que ela deve ficar em casa.
"Se saírem elas têm de se dissimular." Devemos aceitar essa concepção do "lugar da mulher?" Digo que não, milhões de vezes, se preciso for.
Que cultura é essa em que a mulher tem que se enrolar como um embrulho, um presente de "funeral"? Onde encontramos "igualdade" nesse contexto?
Isso não é cultura, é falta dela, porque todos nós nascemos para sermos livres, "ter direitos de escolhas" (que não cabe nesse caso, nessa cultura) donos do nosso próprio destino. Nesse argumento digo que o relativismo é sempre cúmplice dos totalitarismos.
Você aceitaria essa concepção do lugar da mulher? Ou seja, ser subjugada pelo macho nojento que, se não lhe obedece, apanha ou morre.
Às mulheres têm os mesmos direitos dos homens; muçulmanos ou não. No meu modo de visualizar essa cultura, acho esse tipo de procedimento com as mulheres um tipo de violência psicológica por transgredir a liberdade e o movimento de ação delas dentro da sociedade em que são obrigadas a viver
. As mulheres gregas e as turcas usam um véu que lhes cobre a cabeça e quase todo o rosto, para que os homens não lhes percebam a beleza. Isso é uma pequena citação do que é chamado de "cultura" em muitos países.
Não estou criticando "culturas" arcaicas, mas existem muitas maneiras de "se ser culto" sem depreciar nem tampouco roubar o que ela tem de mais precioso, doado por Deus,: - "A Liberdade de Ser"...
As mulheres judias também são impostas a cobrirem o rosto como costume da... Cultura? Ainda existem coisas bem piores, que são, ironicamente, chamadas de cultura, que não combina nem um pouco com a maneira de como a vislumbro.
Ser culto é ser livre, alfabetizado, conhecedor das artes cênicas, dos idiomas e, enfim, de tudo que torna um "se humano" capacitado a viver junto de um outro ser humano, de sexo diferente, em perfeita harmonia.
É assim que deve ser, para que haja igualdade entre eles e essa onda gigantesca de mulheres assassinadas pelos seu parceiros, machistas nojentos, que as descartam por puro egoísmo, egocentrismo, inveja, antagonismo...
No ocidente as coisas não estão bem melhores, apesar que por aqui as mulheres usam o silêncio, o refúgio de um quarto, o pisar de um anjo, como máscaras de invisibilidade visível...
Mas despercebida. Por incrível que pareça, não se pode mais confiar em médicos, enfermeiros, advogados... Todos estão se tornando assassinos.
Que cultura mais inculta que permite um demônio matar um anjo? Não importa o lugar ou como foi... Só sei que é nojento monstruoso. As nações de todo o mundo falam, falam falam...
Pedem ajuda, Socorro... Socorrer de que? O papel aceita tudo, a mídia só fala ao vento que está sempre soprando para frente, deixando para trás um rastro de sangue, de desmoralização, pânico e uma revolta incomensurada.
Agora eu pergunto a esses governos (há poucos dias o governo hindu pedia auxílio, sugestões... Eu fui uma que opinei, com o maior prazer e vontade de fazer algo por essas mulheres.
Eles se calaram; nada mais foi dito. Por que? Falta de coragem de enfrentar o problema de frente? Incapacidade de lidar com seu próprio inimigo, o homem selvagem? Homens não têm mêdo de homens!
As mulheres, sim, pois são sere frágeis e não têm como se defender (mas poderiam ser capazes de falar, defender a si mesmas, a sua honra, sua autoestima dando, assim um pouco de estímulo para aquelas que já estão prostradas a espera do golpe fatal.
Digo-lhes que me é dificílimo entabular um assunto de tal responsabilidade pois me sinto triste ao ver cabeças caindo, o sangue escorrendo pelo chão e os que se dizem "machos" batendo no peito e se vangloriando do seu egocentrismo, da sua tirania e sadismo.
Uma vez, quando eu passava por essas atrocidades, me lembro que tive que me esquivar, sorrateiramente, do meu apartamento, para telefonar aos meus pais... Olhei para o asfalto e, de suas rachaduras escorria sangue...
Quando virei para trás me deparei com o monstro, me olhando, com os olhos vidrados de um animal, pronto a atacar. Naquele instante parece que o chão se abriu e eu sumi dentro do vazio do pânico.
Texto de:JUSSARA SARTORI
Escritora, Poetisa & Freelancer
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