Entrevista cedida pelo psicólogo Victor Dalla Nora
Mulheres com medo de se apaixonar
As mulheres que têm medo e não se entregam às paixões geralmente têm esse comportamento por conta de alguma decepção amorosa?
Psicólogo : Nunca devemos descartar o que já fora vivido/sentido, mas nem sempre é em decorrência de alguma decepção amorosa que algumas mulheres não se entregam, de maneira tórrida, às paixões. Talvez sim, tenha ocorrido alguma decepção, mas o quanto essa decepção ainda repercute? O quanto ainda é sentida?
Podemos pensar que algumas mulheres (falo mulheres, pois é direcionado para mulheres, mas qualquer pessoa pode se encaixar) necessitem se sentir no controle de suas relações e por isso não consigam se lançar na paixão; ou não necessitem de uma paixão; ou não consigam se relacionar; e assim vai.
Mas é interessante se pensar o que se teme no que diz respeito à decepção: se decepcionar com o outro ou consigo mesma?
Em que essa resistência a se apaixonar influencia?
Psicólogo :Influencia que a pessoa deixa de viver com abertura para experimentar coisas, situações, amores novos.
Mas será que é possível deixar de se apaixonar? De se sentir tocado?
Psicólogo :Se pensarmos que toda paixão, é de certa maneira, a forma como aveludamos nosso olhar no que concerne o outro, a paixão é nossa, o ideal de relação é nosso, e somos nós que temos que derrubar esses conceitos, entender o que é (e pode ser) real e o que é (ou está sendo) “fantasiado”.
E caso a pessoa não se lance no labirinto da paixão, por medo ou qualquer outro sentimento que a impeça, ela talvez fique à margem do que crê que seja a possibilidade de amor.
Pode ocasionar alguma doença?
Psicólogo :Podemos pensar que a pessoa pode se isolar e que o isolamento poderia ocasionar algumas doenças como depressão, fobias e por ai vai...
Outro dia li algo do Leminski:
“Amor, então,
também, acaba?
Não, que eu saiba.
O que eu sei
é que se transforma
numa matéria-prima
que a vida se encarrega
de transformar em raiva.
Ou em rima.”
Paulo Leminski
Como a mulher pode se livrar dessa insegurança?
Psicólogo :Trabalhando sua autoestima. Entendendo que pode sim constituir uma vida na qual se valorize e se respeite. Sendo consciente de sua situação. E procurando ajuda adequada.
Grande parte das mulheres já parte do princípio de que todos os homens são iguais e não prestam. Você diria que as mulheres não devem pensar assim? Por quê?
Psicólogo :Se faça uma única pergunta: Será que todas as pessoas são iguais?
Qual é o peso do relacionamento amoroso no dia a dia? Ele é necessário para que se tenha uma vida plenamente feliz?
Psicólogo :Não necessariamente, mas pode ser fator importante dependendo do que a pessoa tenha como ideal e queira para sua vida. Entretanto, o que é ideal nem sempre é real. Existem diversos relacionamentos amorosos que mais trazem “infelicidade” do que “felicidade”. Mas quando o casal faz com que a relação dê certo, ela pode servir para colocar a pessoa em situação próxima a felicidade. Por que não tentar?
Victor Dalla Nora Araujo – Psicólogo Clínico
Postado por JUSSARA SARTORI