quarta-feira, 8 de maio de 2013

PRECE

 JUSSARA SARTORI

Senhor,
quantas vezes eu lhe pedi socorro...
Mas não me socorreu.
Deixou a mão maldita me ferir,
o sexo assassino me rasgar...
Não se importou se eu sangrava,
se eu sentia ou não
uma dor lascinante...
Permitiu que me tirassem
toda a esperança que havia
dentro do meu corpo frágil e inocente.
Carreguei uma cruz
mais pesada que Jesus carregou.
Fiquei mais fragilizada ainda
quando deixou aquela coisa horrível
ser enfiada dentro de mim...
Aquela coisa amassa, nojenta...
Eu não merecia passar por aquilo...
Ser humilhada, estuprada,
rebaixada do meu lugar de mulher.
Deus... Eu fui rasgada
e, naquele momento eu me senti
como um animal, uma carcaça
agonizando no deserto a agonizar
com mil abutres me rodeando...
Que vida maldita me proferiu...
Fez-me, enfim, conhecer o amor;
um amor que para o mundo é virtual,
coisa de poetisa, sonhadora...
Mas no meu mundo todos têm um lugar,
todos moram em algum espaço...
Hoje estou a navegar sempre
em um mar de lágrimas, de dor;
que meus olhos construíram,
de tanto chorar por quem diz que me ama
mas que nunca me buscará para si.


Poeta, Escritora, Freelancer

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