Mas querer não é poder nem ser. Tenho um aprendizado perfeito em violência sexual e doméstica, que poderia relatar passo a passo, etapa por etapa; tudo isso, muitas vezes, quando sinto minha autoestima caída por terra, vendo passar diante dos meus olhos, como meu cérebro fosse uma câmera cinematográfica, rodando pensamentos que devastaram (e ainda me traz muita agonia que tem que se sintonizar no que se passa à minha volta, para que eu não caia em outra armadilha, construída por algum monstro, disfarçado de humano, apresentando-se a você como um ser benevolente, enfeitado de mil artimanhas que esconde sua verdadeira face, encaixando-se, perfeitamente, dentro daquela máquina maléfica, construída por ele, que é o "poder da sedução", o poder de embaçar seus olhos, "com sua falsa cortesia" que, na verdade, é o o "inferno" transmutado em "paraíso. É como ele hipnotizasse você com o olhar de anjo, revestido de demônio).
De tudo que pincelei em seus pensamentos para que possam ver a desigualdade da realidade que nós "pensamos" viver. A realidade, na maioria das vezes nos seduz, como uma magia da fantasia.
Ontem recebi uma mensagem de um senhor , de cognome Canu (Antonio) falando da minha parede "cheia de sobrenomes ilustres e clãs", pois ele é apreciador da heraldica <O que significa que ele interpreta brasões - o meu está postado no meu diário, no facebook>.
Será que para adquirir uma amizade culta, dentro dos seus padrões culturais e intelectuais precisamos pertencer a um clã, possuir um brasão, fazer parte de uma dinastia - creio que hoje todas elas são falidas, precisando de um restauração total porque se a dignidade e caráter que os homens mais "bem nascidos" possuíam apodreceram junto com seus cérebros retrógrados, alienados e arcaicos -.
Possuo tudo isso e de que me serviu quando me uni em matrimônio com um homem cujo verdadeiro caráter estava revertido de clãs e brasões, embotando sua magnitude deblaterada, por ser femicida, por se achar "macho".
Isso me passa diante dos olhos, como um rolo compressor, esmagando minhas estúpidas lembranças. Lembro-me da avó do meu futuro marido dizendo, como se fosse hoje; - Com essa você pode se casar pois ela pertence a uma hierarquia da elite europeia... Fiquei em transe por alguns segundos por escutar tamanha aberração.
Quer dizer que seu neto me tomaria por esposa por causa dos meus muitos "títulos".... Como poderei dizer? "Nominais" (como uma folha de um talão de cheques)?
Estou nomeando os meus dois cognomes como a uma pena de morte. Aqueles que fizeram de uma menina inocente, de pensamentos puros, em um bichinho acuado, um pássaro raro, preso dentro de uma gaiola de ouro.
O senhor Canu fez, em um lápso de segundos, que eu revivesse o meu filme de terror em questão de um abrir e fechar de olhos. Foi uma terrível lembrança em uma tarde de domingo. É isso que chamo de desequilíbrio entre a desigualdade da realidade e a igualdade maravilhosa do meeeu avesso.
Eu demarco a minha liberdade de expressão entre o sonho e a poesia (porque nela posso retratar a verdadeira igualdade que existe dentro da minha alma.
E vocês pensam que essa igualdade não me magoa, não me faz sofrer? Muito! Porque estou presa dentro da minha alma, vivendo intensamente o fogo ardente de um amor que posso chamar de virtual.
A minha outra metade vive comigo dentro do meu corpo, gostando de tudo que eu gosto, fazendo de cada dia meu mais um espaço perdido porque sua vida real nunca poderá entrar dentro de mim pois, com certeza me mataria por ser igual a todo homem:
- "Mau", "Mentiroso e cruel". Somos perfeitos internamente; fazemos o que todo ser humano faz do lado de fora; só que com confiança, sinceridade, doação completa, em todos os sentidos. Sempre estamos antenados para não nos desamarrarmos, nos centrarmos na igualdade maravilhosa que nos completa.
Quando nos amamos, no quarto maravilhoso da minha alma nós nos fundimos em um só pois o amor é pleno, a confiança total, os pensamento similares, idênticos, para ser exata. Quando ele me toma nos braços e me injeta todo o encantamento do amor, nos tornamos tão iguais, que somos um só....
Texto de: JUSSARA SARTORI
Escritora, Poetisa & Freelancer
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