Hoje mais que nunca, sinto tão vazia (mais um pouco que ontem) como um poço sem fundo, como a boca de um furacão, que engole tudo de bom que está na trajetória que a natureza lhe traçou. Abandonada igual a um grão de areia no deserto, que o vento desvairado vai empurrando sempre adiante, sem ter onde se aportar. Ontem, vendo pessoas de todas as classes...
Caras e máscaras...Vultos distorcidos, em formas humanas. Como sempre, estava sozinha, tentando escutar-me na força de meu pensamento, contra possíveis vândalos, destruidores de corpos sagrados.... Pensei que todas as tristezas que estão relacionadas ao meu coração estão ligadas a incultura que rotula o mundo de hoje (mesmo às que estão ligadas a nós por laços de sangue, de amizade ou amor...
Amor? Eu sou feita de amor, de bons sentimentos, de caridade, bondade e muito carinho por todos os seres com vida inteligente... Mas hoje meu coração está sangrando, como se alguém houvesse alvejado o meu coração com milhões de balas, de um revólver do calibre mais potente). Hoje... Não!
Ontem descobri o tanto que o ser humano está vazio de sentimentos, de "amor" (e eu que tanto queria conhecer as emoções do amor, esse amor que existe dentro de mim, jamais terei chance, oportunidade, pois os corações humanos estão tão secos como as árvores do agreste, mais gelados que os icebergs dos nossos polos.
Sintetizando esse sentimento que eu sempre sonhei ser tão lindo, tão puro, tão especial, não passa de uma marionete, que os próprios homens manipulam ao seu "bel prazer". E o homem que diz que me ama.... Que, mesmo, às vezes, deslocado do lugar que eu o coloquei, que é dentro do meu coração, da minha alma, dentro do meu corpo, enchendo-me com sua essência quente que me faz feliz- quando presente -, que me infiltra o néctar da vida, sumiu, como um balão de aniversário de criança, estourado dentro do cérebro.
E o barulho é tão medonho que já fazem dois dias que minha cabeça dói... muito. É uma dor latente que faz minhas têmporas arderem e meus fios de cabelos arderem na raiz como se estivessem sendo arrancados. Estou sem chão, desnorteada, com o ego doente, incapaz de criar boas ideias, inovar uma boa tentativa de igualdade entre os sexos.
Mas agora vejo que é totalmente impossível. Como pode haver igualdade "sem amor", "sem respeito", "sem carinho" e "sem compreensão" mútua? Creio que sou o único ser do mundo com muito amor em seu avesso, mas que não pode ser transferido para fora, para o exterior, pois o homem que amo, que estou me definhando por dentro, é egoísta, egocêntrico e narcisista como todos os outros. Meu Deus, isso dói demais!
O coração sangra tanto que até as lágrimas são de sangue (são doces e não salgadas como a água do mar. Quanto já escrevi, tentando igualar os sentimentos, a compreensão, mostrando o amor, o o único sentimento verdadeiro que sustenta às suas vidas e gera outras vidas).
Ontem, olhando para uma multidão desordenada, num imenso shopping, mirando cada rosto, via o nada; eram semblantes sem expressão de amor, de tristeza ou mesmo de dor. Eram autêntico androides correndo para lá e para cá, enquanto pombos andavam livremente entre eles, comendo restos de comida, deixados cair, na pressa de ir não sei para onde, pensando em nada, com os cérebros vazios.
Passei as mãos ao longo dos meus cabelos, procurando uma solução para mim mesma, pois já não estou conseguindo mais me posicionar nesse espaço flutuante onde só eu penso nos seres com vida, só eu amo sozinha, pois o meu homem tão amado ignora o que sinto pois, apesar de dizer que estou sempre dentro dele, está em perfeita simetria com o mundo vazio, me deixando flutuando no vácuo da incerteza.
Tem momentos que penso não pertencer a esse espaço, ao qual doei todos os meus melhores sentimentos, perseverança, um desejo imenso de conseguir uma "igualdade perfeita" para o sexo feminino e masculino", mas será impossível pois nem a mim consigo ajudar, me fazer perceber, ser amada como mereço, por ter dotes de inteligência e cultura.
Mas isso, hoje em dia é uma palavra arcaica, sem sentido pois até o amor entre os seres do mesmo clã se tornou impossível, inverossímil, porque eles se tornaram egoístas ao ponto de fingir amor ao próprio irmão e o apunhalar pelas costas.O homem se tornou um convencionalista e a mulher caçadora de interesses que satisfaçam às suas luxúrias, devaneios lunáticos.
Onde estão os ensinamentos que uma mãe primorosa levou anos para ensinar aos seus filhos? Está sendo difícil concentrar em soluções pois as mulheres as descartam, preferindo viver de aparências, vulgaridade plena. Que lei poderá acolher ou proteger tanto descaso à vida. Continuarei lutando pois o amor é lindo (pelo menos o que eu sinto é imenso, belo e pleno de doçura e pureza)....
....E dedico esse artigo ao homem que mais amo no mundo, que é uma pessoa fascinante, tem um coração imenso.... Para as outras pessoas que não me incluem... Boa noite e reflitam as minhas palavras pois elas são verdadeiras e ditas de coração.
Texto de: JUSSARA SARTORI
Escritor, Poetisa & Freelance
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