sábado, 2 de novembro de 2013

A FELICIDADE É EFÊMERA


 A felicidade é efêmera ou transitório é pensar nos pensamentos felizes que que eclodem da alma, do coração, para o ego, que teima  em expandir múltiplos pensamentos indissolúveis, que percorre todo o cérebro, entrando na corrente sanguínea e, em muitos momentos, me esmoreço, enroscando em mim mesma, por não saber conduzir corretamente a dimensão de todos eles.


 Eu queria que a minha felicidade fosse indelével.... Mas, mesmo os astros, muitas vezes perdem a luz,  me deixando no escuro. Inicio minhas longínquas investigações mentais dentro do útero de minha mãe. Sou apenas um feto girando num infinito interno de um corpo. A medida que vou passando por mutações, ouço vozes, tristeza contrita, e continuo flutuando dentro daquele pequeno espaço, até que a natureza me empurra para fora, para um mundo hostil, onde as pessoas crescidas pensam que sou uma boneca ou um palhacinho de estimação.


 Esse é um período infeliz pois não sei como comunicar minhas dores e sofrimentos pois não tenho o dom da palavra. Na medida que vou crescendo as coisas se modificam, melhoram, porque me torno uma criança. Um pouco diferente pois sempre criei meu próprio mundo. Brincava com outras meninas mas era um tanto enfadonho por ser mais precoce que todas juntas. Sempre fui de dormir pouco.


 Já pensaram em uma criança que dorme pouco, dando asas à sua imaginação e voando tão alto que, desde aquela época, as estrelas, a lua e o firmamento já me acolhiam e satisfaziam minhas curiosidades de menina em crescimento. Descobri tudo sozinha por não ter quem me admoestasse. Desde que fui alfabetizada comecei a escrever e nunca mais parei. Vivia entre a magia dos "contos de fadas" e dos meus próprios contos de menina sábia demais para a minha idade. Foi penoso descobrir às manifestações do meu corpo se transformando dentro do meu mundo de pesquisas eternas. A coisa que mais sonhava era ser mãe, encontrar um príncipe encantado.


 Entrando na minha adolescência li um livro de M. Hull, chamado o Sheik, onde me deliciava com minhas altas imaginações. Fiquei decepcionada ao ver o filme com o lindo Rodolfo Valentim. O filme era mudo e sem graça por ser da década de 1920. Amava a inteligência de Charles Chaplin e as sábias histórias de Shakespeare (até hoje coleciono clássicos antigos e livros, muitos livros). Minha adolescência foi só de amor platônico. Imaginava coisas fantásticas que me embeveciam de felicidade... Felicidade de faz de conta. Já fui Cinderela, Bela Adormecida, Branca de Neve, Rapunzel....


 Minha educação era muito rígida, o que fazia minhas asas dos sonhos crescerem mais até se tornarem enormes. Saí da minha cidade e fui para outra enorme, para dar continuidade aos meus estudos. Da infância à adolescência, não digo que não tive momentos lindos, felizes.... Bailes, carnavais fantásticos (guardo até hoje todas as minhas fantasias desses bailes carnavalescos). 


Momentos felizes, felicidade efêmera. Comecei, dessa época em diante, conhecer os homens medievais, grotescos e pobres de espírito ( que me faziam recordar os gibis Brucutu e The Flinstones, que lia quando criança). E os homens mentem, fingem, manipulam, destroem à sua capacidade de raciocinar, de distinguir o certo do errado, o bom do mau; trabalham como verdadeiros artistas.


 Dizem que o peixe cai na rede do pescador. Fui uma serena sereia que caí no encanto da serpente Nadja.Vocês já estiveram no inferno? Eu já. Vivi alguns anos dentro dele, sem me poder safar, e me queimei demais. Meu coração e minha alma quase desapareceram do meu corpo, tão frágil e fragilizado. Com dois anjinhos junto a mim.... O que fazer?


 Ir a luta e tentar não lhes deixar traumas como em mim. Ficaram algumas.... E as minhas? De repente meu mundo começou a se expandir e conheci muitos seres como eu. Comecei a ajudar mulheres com os mesmos problemas por que passei. mas tudo é muito complicado. As mulheres de hoje se escondem atrás de sua própria sombra e não querem saber se o homicídio está servindo de cabeçalho para jornais . E as "leis vigentes"? Se elas funcionassem, se colocassem os homens atrás das grades, que é onde merecem estar. Pensamos... Penso:


 -  Se elas não funcionam vamos tentar divulgar, alertar às mulheres, chamar a atenção dos governos do mundo inteiro... A adianta? Funciona? Nem uma coisa nem outra. As mulheres têm medo ou são masoquistas; os governantes colocam uma venda nos olhos e fingem que não escutam os pedidos de socorro. Eu tive a sorte que me arrancassem, com as próprias mãos, todas as ervas daninhas de dentro de mim. Mas onde está a minha felicidade? 


A televisão e as redes sociais é uma rede feitores do mau da infelicidade. Fiquei indignada com um certo senhor que entrou em meu facebook, que quase só uso para postar links e falar com uns poucos amigos, que já não me lembro mais o nome. Que pessoa nojenta, asquerosa! Os italianos são quase todos poetas natos, de alma caliente. 


Mas esse senhor asqueroso, que já nem me lembro o nome, curtiu algumas de minhas páginas que haviam mulheres nuas (o nu artístico é lindo para que sabe apreciar a arte).... E me disse: - Adoro mulheres nuas! Que adore! Compre a revista "Playboy" porque lá ele encontrará muitas periguetes.... 


O que se faz com um homem desse tipo? Escrevo para ajudar e dar apoio às mulheres, junto com Roberto Rossi.. Mas ficamos tristes com a falta de estímulo das mulheres que sofrem violência doméstica, dos governos omissos. Tentando e me perguntando? Por que o amor dói mais que a violência sexual? Porque a felicidade é efêmera?



Texto de:JUSSARA SARTORI
Escritora, Poetisa & Freelance

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