sábado, 31 de agosto de 2013

MULHERES DA ÍNDIA... UM CASO DIFÍCIL DE SE RESOLVER...TALVEZ...UM MILAGRE?...


Como mulher, deixo aqui a minha opinião severa, mas justa, sobre os direitos da pessoa do sexo feminino na Índia. Esse é um assunto que está sempre em pauta nas redes sociais, nos noticiários televisivos, em documentários, em jornais, em debates em revistas e por detrás dos panos, onde ninguém jamais ficará sabendo como uma mulher sumiu, ou foi abduzida sem deixar o menor vestígio do seu desaparecimento.
 
 O mundo evoluiu tanto; tantas inovações tomaram lugar das mais arcaicas mas, todavia, nos países mais pobres, com poucos recursos políticos e financeiros, criam em seu espaço demarcado no lugar que lhe é de direito, verdadeiros monstros, verdadeiros femicidas. Esse é um triste questionamento que vem se estendendo desde os primórdios dos tempos. Muitas pessoas, assim como eu, procuram oferecer sua ajuda através de conselhos, imagens similares, como a minha própria história, que foi uma tempestade de horror; fiquei com trauma pelo ser humano do sexo oposto ao meu durante muito tempo. Foram dias intermináveis aos quais eu procurava dar algum sentido.
 
 Mas cometemos um erro atrás do outro. Não podemos continuar sonhando como quando éramos crianças, adolescentes. Sonhávamos com príncipes encantados, que viraram sapos e que têm que continuar sendo sapos. Nós, sozinhas, mas com a consciência que podemos nos ajudar mutuamente; incentivar governos e governistas a repensar em um assunto tão sério, que chega a ser assustador, pelo número de assassinatos, que só se multiplicam (jamais se subtraem) e os culpados ficam e continuarão impunes, se algo bem  enérgico não for colocado em prática e os governantes não tiverem vontade de combater o mal com o pulso bem firme.
 
 A miséria e a falta de cultura procriam assassinos, assim como os esgotos fedidos reproduzem batalhões de ratos horrorosos. A semana passada uma moça que estava fotografando na Índia foi atacada e estrupada por cinco homens. Essa já é uma cena comum nesse país em que as mulheres não são nada, não valem nada e nem têm o direito de escolher seu próprio marido... De amar uma pessoa que ela conheceu - mas se casam, muitas vezes, com homens que nunca viram nem em fotografias. Se quiserem uma lista posso encabeçar uma, começando  com o Paquistão, Afeganistão, alguns estados russos, a Itália, os EUA, Canadá, Brasil, e muitos lugares que não citei: mas as mulheres estão vivendo em um verdadeiro inferno. 
 
Tudo isso por causa de um bom líder, que seja humano e ativista, um meio de saber fazer gerar a moeda do país com sabedoria e não ter dó nem piedade daqueles que ousarem abusar de mulheres inocentes e indefesas, Em um texto eu comentei de uma jovem que estava em um onibus e foi estrupada por seis homens (homens?... eu diria monstros nascidos no esgoto). Muitos a chamaram de "coração valente" ou "filha da Índia". Mais do que motivar uma onda de orações e protestos em todo o país, a estudante de 23 anos morta no sábado após ser estuprada por seis homens em um ônibus em Nova Dheli fez o país se perguntar: "Por que a Índia trata tão mal as suas mulheres?".

No país, não são raros os casos de aborto de fetos femininos, assim como os de assassinato de meninas recém-nascidas. A prática levou a um assombroso desequilíbrio númerico entre gêneros no país.22.abr.2013 - Crianças indianas seguram bonecas durante protesto contra o estupro de uma menina de cinco anos, em Amritsar, na Índia. De acordo com as investigações, a menina desapareceu na última na segunda-feira e só foi encontrada na quarta, quando a família descobriu que ela estava na casa de um vizinho do mesmo edifício, que foi detido no nortista Estado de Bihar, ao escutar seus gritos.
 
 Um segundo suspeito envolvido neste caso de estupro foi detido ontem. Os agressores estupraram a menina em repetidas ocasiões Leia mais Narinder Nanu/AFPAs que sobrevivem enfrentam discriminação, preconceito, violência e negligência ao longo da vida, sejam solteiras ou casadas.TrustLaw, uma organização vinculada à fundação Thomson Reuters, qualificou a Índia como o pior lugar para se nascer mulher em todo o mundo.

E isso se dá em um país no qual a líder do partido do governo, a presidente da Câmara de Deputados, três importantes ministras e muitos ícones dos esportes e dos negócios são mulheres.Apesar do papel mais importante desempenhado pelas mulheres no país, crimes de gênero estão em alta na Índia. Em 2011, foram registrados 24 mil casos de estupro - 17% só na capital, Nova Déli. O número é 9,2% maior do que no ano anterior.  
 
  Milhares protestam pedindo proteção às mulheres após caso de estupro coletivo, segundo os registros policiais, em 94% dos casos os agressores conheciam as vítimas. Um terço desses eram vizinhos. Parte considerável era de familiares.E não se tratam apenas de estupro. Segundo a policia, o número de sequestros de mulheres aumentou 19,4% em 2011 (em relação ao ano anterior). O aumento dos casos assassinato foi de 2,7%, nos de torturas, 5,4%, nos de assédio sexual, 5,8%, e nos de violência física, 122%.

Discriminação mortal, segundo Amartya Sen, prêmio Nobel de Economia de 1998, mais de 100 milhões de mulheres desapareceram ou foram mortas em todo o mundo vítimas da discriminação.De acordo com os cálculos dos economistas Siwan Anderson e Debraj Ray, mais de dois milhões de indianas morrem a cada ano: cerca de 12% ao nascer, 25% na infância, 18% em idade reprodutiva e 45% já adultas.

O estudo mostrou que mais mulheres morrem na Índia por ferimentos do que por complicações no parto. E esses ferimentos seriam um indicador da violência de gênero. Outro dado estarrecedor é o de 100 mil mulheres mortas por queimaduras. Segundo os dois economistas, boa parte delas são vítimas de violência relacionada ao pagamento de dotes matrimoniais. Não raro, os agressores queimam as mulheres.Para os analistas, é preciso uma mudança estrutural nas atitudes da sociedade para que as mulheres sejam mais aceitas e tenham mais segurança na Índia.
 
 O preconceito de gênero é reflexo de uma sociedade de tradição patriarcal, ainda mais forte no norte do país. Para os manifestantes que saíram às ruas após o estupro da jovem estudante de medicina, os políticos, inclusive o primeiro-ministro Manmohan Singh, não são sinceros quando prometem leis mais duras contra a violência de gênero .Eles ainda questionam o fato de que 27 candidatos nas últimas eleições regionais eram acusados de estupro. Além disso, seis deputados respondem pelas mesmas acusações. Como crer, então, na classe política?

Ainda é cedo para saber se o governo realmente concretizará suas promessas de leis mais duras e julgamentos mais ágeis em casos de estupro. Os protestos em Nova Dheli, no entanto, parecem trazer alguma esperança de que algo poderá mudar, para o bem das mulheres indianas.


Texto de: JUSSARA SARTORI
Escritora, Poetisa & Freelance

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