quarta-feira, 26 de novembro de 2014

MONOLOGANDO

 Me deito, muitas vezes, e deixo meus pensamentos girarem, como um caleidoscópio, e vou me lembrando dos muitos sonhos lindos que vivi acordada e nos milhões que sonhei dormindo. Meu ego, por carência, aceitou demonstrações de sonhos que jamais viverei, olhos brilhando, ao pensar na perspectiva do amor. Hoje tenho o meu coração apertado em ver como a fantasia dá asas à sua imaginação, ao seu coração, carente de amor e carinho. Vivi sonhos tão intensos, tão diferentes da pessoa tímida que sou, que chego a me perguntar:

 - Como teve coragem? Como foi capaz? Todas estas fantasias me faziam sentir num mundo real, nun palco todo iluminado, sendo uma frágil mulher, dançando o Lago do cisne. Eu me sinto um anjo doente, cheio de raízes entrelaçadas dentro o meu coração e dos meus pensamentos. Neste estado de tristeza não consigo força para ajudar a outras mulheres, também, frágeis, pois caí na própria armadilha da perseverança, da fé e da imensa vontade de viver um grande amor, ser tratada como uma pessoa com dignidade suficiente para poder ser feliz.

 Sonhar, sonhar, sonhar...Isto me levará à morte pois não existe homem bom (talvez, exista, mas não está entre nós; é um espírito que não pode ser tocado e nem amado como ser humano). Procuro por mulheres infelizes ou com cicatrizes que não se fecham... Mas elas, como eu, estão trancadas dentro delas mesmas, com seu sofrimento, sua dor, sua desesperança. Eu que nunca serei amada, acariciada... Receber na pele o afeto que nunca tive... Terei que trancar, enrolar com correntes e cadeados, o meu sonho de ser feliz.

 Como posso ter a chance de me igualar com o sexo oposto? Hoje eu senti vergonha de mim mesma... O sonho de amor não é bom companheiro... O amor não foi feito para mim! Uma pessoa que lhe é cara dizer que não é bonito pensar em ser "esposa/esposo"? As lágrimas me fazem enxergar tudo com um véu. Meu caminho não foi tão comprido assim pois levava nas costas um fardo tão pesado de sofrimentos, que me impedia caminhar rápido, no túnel escuro.

 Consegui enxergar, muito distante, alguns pontinhos de luz que poderiam ser a minha salvação. Mas é feio pensar no homem como marido e mulher. Já fui amaldiçoada com um casamento que ruiu em minha cabeça, me deixando esta dor imensa nas costas para caminhar sozinha e ter perseverança para ajudar outras mulheres que sofrem. Muitas vezes, aperto meus olhos, com força, e me vejo em um campo de batalha, com milhões de soldados de semblante prever, me apontando às metralhadoras. Eu os abro, assustada, e penso:

 - Não poderá acontecer mais uma vez: - Eu já fui metralhada, esquartejada, cortada... E "isto é pouco" ou "não é nada"? Precisaria nascer mil vezes para poder me inteirar das verdadeiras vontades dos homens, o querer, o saber se relacionar com as mulheres que vivem na penumbra como eu. Sentia-me flutuando, girando, dentro de mim mesma... Minhas perspectivas se fundiram? E os meus sonhos, a vontade de ser embalada, nos braços, pela felicidade verdadeira...

 Não tenho direitos (nem sonhar eu posso) Podam os meus sonhos, minhas esperanças... Amassam os meu lindos sonhos e o jogam no lixo. Creio que esta é a conclusão irreversível: - Não posso caminhar no arco íris... Eu não existo!


Texto  de: JUSSARA SARTORI
Scrittrice, Poettessa & Freelance

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