sábado, 26 de abril de 2014

MULHERES MORREM DE AMOR. HOMENS NÃO MORREM DE AMOR, MATAM POR ÓDIO, INVEJA, INSEGURANÇA DA SUA VIRILIDADE....


Eu não acho justo, racional, correto, esse femicídio que ronda o mundo, deixando às mulheres (de todo o planeta), inseguras, com medo de amar, de conhecer um ser do sexo oposto, ao qual chamamos de "machistas" que é o que eles são. Usam o seu sexo para machucar, ferir, e suas mãos para apertar um lindo pescoço e acabar com uma doce mulher (que era para estar fazendo amor e não sexo assassino). Se Deus criou o homem à sua semelhança, ele deveria ter algo de santo, entretanto tem algo de demoníaco... Um Satanás usando roupas masculinas.


Não posso colocar minha mão no fogo que me queimarei em vão, mas ainda existem homens doces, cavalheiros, amigos, namorados, maridos exemplares; mas não passa de uma minoria... Os outros usam a retórica para conquistar a doce mulher.... Digo doce pois todas as mulheres (excluido algumas) tem algo de "santa", de "anjo". E o femicídio está se proliferando no mundo como rastro de pólvora, detonando belos rostos que veem pela frente.

Sempre achei curioso o fato de ciúme se algo relacionado diretamente a mulher. Uma “mulher ciumenta” está no imaginário popular como algo perigoso. Curioso que não se pense isso dos homens, já que, por dia, 10 mulheres são mortas por seus respectivos maridos, ex-namorados ou um namorado de páginas sociais, na internet (isso vem acontecendo muito e se multiplicando pois os vilões se postam ali para procurar a vítima adequada e saborear o seu sangue jovem, como faziam os "vampiros dos antigos filmes" - ao contrário de hoje, que eles são bonzinhos, como na Saga Crepúsculo

Sim, homens também são assassinados por ciúmes. Mas, se você olha a estatística que mostra que, para cada homem assassinado nessa circunstância, 100 mulheres morrem pelo mesmo motivo, eu creio, que as mulheres sofrem mais com esse tipo de coisa.

SÓ RELEMBRANDO VELHOS CASOS....



NON VIVO SENZA TE. SOLO CHE NON...

A primeira vez que tive contato com esse tipo de coisa, foi quando eu ainda morava em uma parte da Itália (sou como uma estrear cadente, morei por lá uns dez anos, fazendo o meu trabalho, que amo muito depois Peru e hoje vivo como uma princesa estelar; sempre mudando o meu rumo, como uma estrela cadente). Tive um namorado... Depois marido, dos tempos da universidade,cujo relacionamento não durou até que a morte nos separe Durou poucos anos. Ele me deixou mas eu não fiquei triste. Não corri atrás ou até sua casa para tentar conversar e ver se podíamos nos ajeitar.Só fomos nos falar diante de um juiz, que sempre procura contemporizar as coisas. Fiquei neurótica, apavorada, com horror dos homens, com medo de ser atacada, como quando era casada, pois ele me perseguia com aqueles olhos a sair pelas órbitas, sempre querendo fechar suas mãos em redor do meu pescoço.

Esse fim de semana, fui almoçar com uma amiga recém divorciada. Ela disse que começou a sair com um garoto de 24 anos (10 anos mais novo) e que, já na segunda semana, ele passou a persegui-la e disse que se ela “não dissesse que o amava” estava tudo terminado. Ela o conheceu em uma página da internet, cuja fotografia sua era de alguns anos atrás; mas ela não desmentia quando ele perguntava se ela era exatamente daquele jeito. Quando, finalmente, foram se conhecer, ele a matou, por se mais velha que ele. Ela morreu esta semana.

Um caso foi há alguns anos, outro esta semana. E, curiosamente (ou por neura, da minha parte), muitas mulheres com quem já conversei têm um caso semelhante para relatar.

Sempre que se vê uma notícia de um homem que matou uma mulher e vem aquela célebre frase que eles tinham uma “relação conturbada” eu fico pensando o que que essas palavras significam de verdade.

Gigliolla Ferrari,  em um texto, conta o seguinte:

”Sandro estava em depressão porque sua empresa havia falido, enquanto Fabrizia progredia profissionalmente e sustentava a casa com seus três empregos. Este é o momento em que o ciúme se manifesta. Fabrizia era enfermeira e Sandro montava guarda em frente ao Hospital, nas noites de plantão, imaginando que ela o traía com um médico. Depois de uma viagem, Sandro matou Fabrizia com dois tiros na nuca e se matou com um tiro no peito e outro no ouvido. Deixou um bilhete, endereçado ao pai dela, pedindo que ambos fossem enterrados no mesmo túmulo. Coisa de louco, de homem femicida....

Loucura? Não. Amor? (Creio que o amor verdadeiro está ficando em extinção em todo o nosso lindo planeta Terra  Ciúme? Talvez, se chamarmos de ciúme essa manifestação de posse que. surge em decorrência da perda da honra, da desestabilização de uma hierarquia social, fragilizado que ele estava por não ser o provedor. Machismo? Sim. Infelizmente, arraigado em nossa cultura, cheio de sutilezas e palavras que o atenuam. Castrador e dilui-dor de muitas vidas possíveis, de tantas mulheres e alguns homens que ainda deveriam estar por aqui.”




EXISTE HORA OU MOMENTO PARA SE MATAR?

Até 1940, era completamente aceitável a um homem matar sua esposa porque essa o traía. Era o chamado “legitima defesa da honra”.

O que vou dizer aqui explica bem como era enquadrado esse tipo de crime:

 Nosso antigo Código Penal, previa em seu artigo 27 que se excluía a ilicitude dos atos cometidos por aquelas pessoas que “se acharem em estado de completa privação de sentidos e de inteligencia no ato de cometer o crime”. Basicamente ele estava dizendo que não era considerada criminosa a pessoa que cometesse um crime quando estava em um estado emocional alterado. Era esse artigo que alguns juristas usavam para justificar a legítima defesa da honra. Mas reparem que, em nenhum momento, ele está dizendo que a pessoa pode matar o(a) parceiro(a) que está traindo. Isso era interpretação desses juristas.

Mas leiamos, agora, o artigo 28 de nosso atual Código Penal: “Não excluem a imputabilidade penal: I - a emoção ou a paixão”. Ele diz justamente o contrário do que dizia a antiga lei. Foi para que não houvesse nenhuma dúvida que o legislador não desejava que os magistrados absolvessem alguém que agiu movido por ciúme ou outras paixões e emoções é que o ele inseriu esse inciso na lei.”

Matar alguém por sentir ciúme, não é ciúme. É vingança. Vendetta. Não é ciúme, é sentimento de posse. Quando se diz que “tal homem era possessivo”, está se justificando socialmente um fato que é “o que uma pessoa achava de  outra pessoa, que era "a sua esposa"

Mas vou lhes dizer uma coisa que talvez não saiba: tal pessoa não é mulher de ninguém. Ela não é sua namorada. Ela está sendo a sua namorada. Mas pode deixar de ser, quando quiser. E o contrario também é válido.

O que se tem posse é de objeto, não de pessoas. A não ser que você queira discutir a lei áurea no congresso nacional de 1888. Sinta-se a vontade; hoje em dia tudo é bastante liberal... E coloque liberal em cima do que falo. 


COMO PENSAMOS, A PARTIR DO FEMICÍDIO?

Machismo é uma coisa muito triste, não só pela sua agressividade social, mas porque ele mata. Literalmente.

A partir do momento em que uma pessoa se institui possuidora da outra, ela pode usar argumentos para atacar a outra pessoa através do seu ciúme. Culpabiliza a mulher pelo ciúme do homem. “Sua saia está muito curta”. “Você se ofereceu para ele”.

Faz alguns anos que cheguei a sussurrar a Deus para nunca ter nascido. Aquele namorado e marido que conheci nos tempos da universidade, era temperamental, alcoótra, agressivo, impaciente, arrogante, cínico, opressor e pensava ser o meu dono; eu não podia ter vontade própria. Um dia, depois do almoço, ele queria "me usar", como dizia o nosso querido e saudoso 'José Wilker", na novela Global, Gabriela. Como eu estava arrumada para ir a um ginecologista, pois seu vício me impedia de ser mãe, ele ficou furioso (parecia um desses monstros horríveis que vemos nos filmes de terror. Pegou uma tesoura, cortou em tiras minha calça jeans, muito bonita e de griffe e, simplesmente, arrancou minha calcinha. Estava com as pernas arranhadas, sangrando, mas o "homem das cavernas" não teve complacência: - Abriu minhas pernas tentando (tentando? Não! Ele conseguiu injetar-me o seu sexo sem vida, por causa da bebida, e o seu saco escrotal.... A dor foi indescritível... Fiquei sangrando dois meses consecutivos. Não gritei, não chorei, e nem meus pais sabem do ocorrido até hoje. Graças a Deus fiquei sem nenhuma sequela e, hoje, tenho o corpo de uma garota virgem. Mas, por um longo tempo tinha pânico ao passar perto de um homem. Hoje confio, desconfiando, pois não quero viver isso de novo e nem desejo que aconteça com alguma mulher. Nosso corpo é sagrado, não merecia ser saqueado e o saqueador ficar impune.

Não escolhemos o que vamos sentir, óbvio. Mas escolhemos o que faremos com o que estamos sentido. E são as escolhas que nós fazemos que definem o que vamos ter na vida.

O budismo prega o seguinte: se enchemos nosso coração de sentimentos ruins, eles ocupam o espaço de sentimentos bons.

É beliíssomo e correto. Mas difícil de exercer numa sociedade que tem padrões e pressões pré-estabelecidos. Mas não é o que o mundo faz de você. É o que você faz com o que o mundo faz de você.

Apesar de tudo, o mundo não faz de você um assassino passional. Quem faz de uma pessoa um assassino passional é a própria pessoa.

Por isso é bom medirmos os fatos, não nos entregarmos por sentir prazer e sim quando existe um amor infinito. Se me perguntasse: - Mas isto não existe! Eu lhe responderia que sim: - MEU PAI E MINHA MÃE..... Sinto orgulho de ser filha deles....



Texto de: JUSSARA SARTORI
Escritora, Poetisa & Freelance

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