sábado, 12 de abril de 2014

MULHER DO SÉCULO XXI...

Nós, mulheres do século XXI, temos que nos redefinir porque estamos sendo muito mais reçachadas pelos homens que na era medieval nos maltratavam ao seu jeito de viver (eram verdadeiros trogloditas.... Mas não mais hediondos que os homens da atualidade. Durante muito tempo, a mulher sofreu muita repressão e descriminação na sociedade. Sua função era cuidar da casa e dos filhos. Não tinha direito à educação e nem à liberdade de expressão. Foi só depois de muito tempo que ela conseguiu conquistar seus direitos na sociedade.   Antes do século XX, a sociedade não admitia a mulher no mercado de trabalho, muito menos que escolhessem seus próprios conjugues. A mulher tinha como uma única função, perante aos homens, de gerar herdeiros à família.    No dia 8 de março de 1857, visando melhores condições de trabalho, operárias numa fábrica em Nova Iorque, promoveram uma grande greve.
 
 Reivindicaram a diminuição da carga horária de trabalho (as mulheres tinham que trabalhar 16 horas por dia), igualação de salário com os homens (as mulheres chegavam a receber até um terço do salário de um homem, para executar o mesmo tipo de trabalho) e tratamento digno no ambiente de trabalho. O movimento foi controlado com muita violência. Cerca de 130 trabalhadoras morreram carbonizadas dentro da fábrica.   Então, 53 anos depois, numa conferência na Dinamarca, ficou  instituído que o dia 8 de março seria o “Dia internacional da Mulher”, oficializado pela ONU em 1975, com objetivo de homenagear as operárias, mas principalmente de tentar diminuir ou até acabar com a desigualdade entre homens e mulheres.   As principais conquistas das mulheres vieram no século XX.

   A primeira foi o direito ao trabalho fora do lar. As mulheres eram vistas pelos homens como donas de casas para gerar filhos, dar comida e conforto, mas com a Revolução Industrial, elas começaram a assumir seus postos nas indústrias e comércio. Logo em seguida veio a busca pela cidadania.A intensidade dessa busca foi tão grande, que hoje em dia as mulheres são maioria entre os estudantes das universidades brasileiras.   As mulheres também conquistaram seus direitos nos esportes. Em 1900 foi aprovado a participação das mulheres, mas só em 1924, nas olimpíadas de Paris, elas oficialmente puderam participar. Porém, as atletas ainda sofrem muito preconceito, principalmente em esportes considerados, pela sociedade, masculinos
 
.O esporte feminino no Brasil se desenvolveu muito nos últimos anos. Desde de 1996, a seleção feminina de futebol está entre as quatro melhores do mundo nas olimpíadas.Entretanto, o marco na história da mulher brasileira foi no dia 24 de fevereiro de 1932, onde foi instituído o voto feminino. Entretanto, o quadro de exclusão feminino não se alterou imediatamente. Foi só em 1980, com a maior participação no mercado de trabalho, a mulher passou a ter maior participação política. Mas até hoje, o cenário político brasileiro é dominado por homens. Dos 513 deputados da Câmara Federal, apenas 45 são mulheres.  
 
  Um outro problema muito comum na sociedade em que vivemos é a violência contra a mulher. Era, e continua sendo, muito comum mulheres que sofrem agressões terem medo de denunciar quem as agride, talvez por também sofrerem ameaças. A violência contra a mulher é o crime mais comum e menos punido no mundo. Segundo a Organização Mundial da Saúde, no Brasil, 27% das mulheres já foram agredidas por seu parceiro. Esse quadro foi parcialmente contornado ao ser criado a Lei Maria da Penha. Lei esta, criada pela própria Maria da Penha, que sofreu inúmeras agressões de seu marido, Marco Antonio. Seu marido tentou matá-la duas vezes. 
 
A primeira, deu-lhe um tiro que a deixou paraplégica. A segunda, tentou eletrocutá-la. Apenas 8 anos depois da tragédia, em setembro de 1998, foi que a denúncia foi apresentada ao Ministério Público Estadual, e logo em seguida Marco Antonio Herredia foi condenado a 8 anos de prisão, apesar de ter cumprido pena apenas por dois anos por ter conseguido recursos para se libertar.   A partir dessa ocasião, Maria da Penha começou a participar de movimentos sociais contra violência e impunidade, sendo hoje a coordenadora de pesquisas e publicações da Associação de Parentes e Amigos de Vítimas de Violência.    A lei é definida como: qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial.    No dia 7 de agosto de 2006, o presidente Lula anunciou a aprovação da Lei Maria da Penha.
 
 Essa lei tem como símbolo a luta contra a violência doméstica e o objetivo de aumentar o número de denúncias, já que agora a mulher possui uma rede de proteção para atendê-las.Há também em nossa sociedade, alguns “mitos” sobre a participação feminina no mercado de trabalho. Como o que fala que é melhor empregar homens do que mulheres, já que elas faltam muito ao trabalho, devido à gravidez, por exemplo. Mas pesquisas de assiduidade indicam que, apesar das maiores obrigações familiares, a maior falta ao trabalho é por parte dos homens.O Brasil já mostrou alguma evolução na luta contra a descriminação das mulheres. Porém, segundo o Trabalho Economia Fórum, o país ainda ocupa o 62º lugar no ranking de igualdade entre os sexos no mundo. A situação feminina já está muito melhor, mas ainda há uma grande diferença entre os gêneros.
 
 O fato de as mulheres, empregadas em mesmos cargos que homens, receberem menores salários é um exemplo de que ainda há muito o que mudar. Ser mulher hoje em dia, é muito melhor e diferente que antigamente. Elas já ultrapassaram muitas barreiras, ganhando méritos e direitos. Agora, mais preparadas e conscientes de seu valor, as mulheres conquistam cada vez mais espaço e mostram força no século XXI. Chegamos ao Século XXI, com um modelo de sociedade brasileira marcada por diversos tipos de preconceitos e discriminações. Tais comple xidades encontram-se presentes, principalmente no segmento social “mulheres negras”. 
 
Trabalhar essa dialética correlacionada com o status poder e violência que permeiam as esferas sociais, não tem algo fácil ou tranqüilo de realizar em nossos dias. Sabe-se que o Brasil é o país com a segunda maior população negra do mundo, e de acordo com os dados do IBGE, referente à população negra, o Brasil ocupa a 120ª posição mundial, ressaltando com isso a diferença entre os níveis de vida da população branca e da população negra. Aprofundando essas questões, em relação à qualidade de vida da população, o Brasil ocupa a 63ª posição no mundo.Analisando alguns segmentos correlacionados com a c ategoria de totalidade que denomino sociedade civil, observamos que a discriminação está presente em todas as esferas.
 
 Mas são a tônica deste trabalho, algumas questões de exclusão étnicada mulher negra e seu processo histórico, que desejo abordar. Com objetivos de chamar a atenção para a necessidade do continente brasileiro para a necessidade de implementação de políticas públicas necessárias para o avanço da nação, capazes de contribuir diretamente na diminuição das desigua ldades sociais. Ao mergulhar nestas complexidades, apresento um pouco a importância da diáspora negra e sua dialética com aexclusão já citada nas quais as mulheres são alvo, principalmente no que tange às questões de: educação, desemprego, saúde, e diversas formas de violências. Na era do descobrimento das Américas, no século XV, muita terra ainda precisava ser desbravada e cultivada, arada e plantada. Para isso , necessitava-se de rabo-de-galo barata.
 
 Então, antes da Revolução Industrial, o tráfico de escravo s foi o fator preponderante para o aquecimento econômico brasileiro. Com isso, o desmantelamento da cultura e família africana, ao aportarem no Brasil, os escravos foram: trocados, vendidos, separados, receberam nomes que não condiziam mais com sua identidade africana, sendo obrigados a cultuarem uma religião não condizente com sua relação existencial. O agravamento da exclusão, também veio com o marco histórico “13 de maio de 1888” . Você lembra? Neste dia, foi assinada a Lei Áurea, na qual a comunidade negra passou a viver um processo de descaso e marginalidade, tendo seus reflexos presente até nossos dias. Muitos registros oficiais apresentam uma historicidade não condizente como critério de verdade. Na prática, temos uma nação brasileira no anonimato, com sérias dificuldades de se reconhecer e valorizar como oriunda dessa diáspora, assumindo valores e atitudes de um pertencimento, como algo a esconder ou ser abordado de forma negativa como tudo que parece originar do berço africano, como resultando dessas ações: discriminações, dores, violências e formas correlatas de exclusão. Lembre-se, essa História, começou há muitos e muitos anos...
 
 Partir da África para o Brasil sem refletirmos o processo da diáspora, é contribuir com o mito da democracia racial presente em nossos dias, é o não desconstituir idéias de preconceitos, mitos e tabus que permeiam a nação brasileira. Hoje, no século XXI, registros oficiais apresentam uma historicidade não condizente como critério de verdade. Na prática, temos uma nação brasileira noanonimato, com sérias dificuldades de reconhecer e se valorizar como oriunda dessa diáspora, assumindo valores e atitudes de um não-pertenciment o étnico de origem africana. Neste barco, a teoria chaga aos bancos escolares num processo de negação e contradição, trazendo em sua âncora ojá referido mito da democracia racial.
 
 Peça essa que vêm contribuindo no processo de desconstituição das lutas e avanços referentes às políticas públicas do povo negro. A prática de exclusão social e racial apresenta-se permeada por conflitos, discórdias e, principalmente nas resistências e dificuldades que os professores e alunos vêm trabalhando as questões referentes à negritude, cultura, memória e ancestralidade. Pois a origem do comércio de escravos é obra do encontro com os costumes e interesses mercantilistas dos conquistadores europeus, onde até o presente momento, a Historia é contada pela lente de uma etnia não representativa da nacionalidade brasileira, ou seja , pela lente dos vencedores. Com a chegada do europeu em território africano, o tráfico provocou nessas populações, uma ruptura dramática e irrecuperável cujo saldo dessa diferença histórica, é a grande exclusão étnica e social presente na comunidade negra ou miscigenada.
 
 A meu ver, urgem políticas específicas e equitativas capazes de contribuir na elevação da autoestima das mulheres, na diminuição das desigualdades, e também na busca de melhores ascensões sociais, resultando quiçá, num melhor conviver em sociedade .Na década de 90 em pleno século vinte e um, se somados os dados apresentados pelo IBGE (pretos e pardos), a população negra correspondia a 45% da população brasileira. Sabemos que estes índices aumentaram e hoje ainda não conseguem dialogar com a exclusão histórica e social que vêm sofrendo as mulheres negras. Neste momento, trabalho especificamente algumas formas de discriminação feminina negra nos espaços de educação, desemprego, saúde, e algumas formas de violências, para chamar a atenção sobre a disparidade social presente nestes espaços, portanto para a necessidade de implementação de políticas pública s no Brasil.

EDUCAÇÃO:
 
Por ser a escola o primeiro espaço de interação social que o sujeito realiza após a família, é neste mesmo espaço que se encontram presentes, mitos, tabus e preconceitos. Portanto é o universo escolar, grande responsável pelos índicesde evasão e repetência. Você consegue de imediato imaginar porque a comunidade negra evade o u é reprovada? Se o aluno negro tem dificuldades de se ver nos livros didáticos ou ainda a prática curricular apresenta parâmetros de exclusão em seu núcleo educacional? Em minha prática enquanto pesquisadora , tenho observado nos espaços de formação de professores as seguintes afirmações: - Não, hoje em dia não existe mais discriminação, é tudo igual, brancos, negros, amarelos, etc. ou então:
 
 
 - Professora, você não precisa se preocupar que na nossa escola particular, não precisamos falar dessa lei, porque não existem alunos negros! Voltando aos indicadores sociais, dados estatístico s apontam que a quantidade de negros analfabetos é 2.2% superior à de brancos na mesma situação, dentre eles as mulheres negras são maiorias, pois segundo o relatório de desenvolvimento humano, revela-se grande distância dos setores brancos do país em relação aos negros na educação, portanto, sessenta por cento dos afro-brasileiros estavam na faixa de analfabetismo. Em relação à entrada do sujeito negro nas universidades, os dados são os seguintes: 18% dos negros têm possibilidade de ingressar na universidade, enquanto esta possibilidade para os brancos é de 43%. Observe que não estou neste momento abordando questões referentes à permanência , pois aí implicam outras questões. Nas diversas áreas e espaços de ensino, os preconcebereitos apresentam-se de forma camaleônica. A interdisciplinaridade ainda não consegue estabelecer uma ação direta com o currículo. 
 
A Lei 10.639/03 apresenta-se fragmentada ou até como responsabilidade de duas disciplinas, sendo que é uma lei nacional, portanto para todo o currículo, mas principalmente voltada para as áreas de história e artes. As ciências sociais o abordam “cientificamente” sob o aspecto da criminalidade, expressões musicais, vestes, religiosidades, culturas, enfim, esta área vem refutando o conceito de várias etnias, resumindo- numa única raça: a humana. A ciência, amparada nos meios de comunicação, divulga pesquisa s baseadas em indicadores sociais convincentes atingindo um enorme contingente populacional que concorda em sua subjetividade e negação de uma identidade, a negra, estabelecendo padrões europeus, e no momento em que negamos uma ou outra etnia da qual descendemos, fortalecemos o mito da democracia racial não condizente em momento algum com uma prática de exclusão, pois a proporção de brancos que chegam a concluir o curso de mestrado ou doutorado é três vezes mais do que a de pardos e pretos, na qual representa o menor índice dentre as demais etnias. 
 
Assim como o número de brancos que iniciam o curso superior representa proporcionalmente mais de quatro vezes a de negros (8.2% e 2% respectivamente). Aqui, chamo a atenção para a importância do projeto nacional referente às cotas sociais e raciais nas universidades públicas, como forma de a cesso, permanência e ascensão da comunidade negra num espaço educacional de qualidade. O projeto nacional de “cotas”, não nasce por acaso. Outro documento importante no avanço das políticas relacionadas às comunidades negras, é o Estatuto da Igualdade Racial que até o presente momento, encontra-se suspenso para votação no congresso Nacional. Desemprego: - Após a família, o sujeito social passa pelos bancos  escolares e dali para o mercado de trabalho. Esse movimento, não tem sido fácil para a comunidade negra, pois nos bancos escolares, além de não se reconhecer nos instrumentos didáticos, também encontram dificuldades com um vasto currículo não condizente com sua histo ricidade. Portanto, são os últimos a entrarem na escola, e os primeiros a deixarem, elevando assim, índices de evasão e repetência. Porém, é no mercado de trabalho que estes sujeitos encontram as maiores dificuldades sociais.
 
 Ocupam os mais baixos cargos, recebem os menores salários e são os primeiros a deixarem seus empregos sempre que há um “enxugamento da máquina”. Abordando especificamente o assunto relacionado ao trabalho, inúmeras são as atitudes racistas que acabam dificultando a inserção do negro em áreas que exigem maior especialização. Modelos e padrões
de beleza pré-estabelecidos fazem parte de um sistema que foi criado para excluir sutilmente o su
jeito não branco, usando a carapuça de “boa aparência”. Também é alto o nível de assédio às mulheres, e estas por sua vez, ocupam cargos inferiores e recebem por seu trabalho uma remunera
ão diferenciada para menos do que o homem negro.
 
 E este por sua vez, recebe uma remuneração d
iferenciada da mulher branca e do homem branco em relação aos mesmos cargos.Algumas violências iniciam na família, passam pela s escolas e reproduzem-se no mercado de trabalho, resultando numa dinâmica de exclusão de vários segmentos sociais, na qual hoje, o mercado não comporta tal demanda. Contudo, na divisão por sexo, percebe-se nitidamente que a mulher fica em defasagem um pouco mais da metade do percentual de homens, elucidando assim duas formas de preconceito: gênero e etnia. Dados indicativos apresentam com propriedade a  realidade cruel que enfrenta a comunidade negra no espaço de trabalho brasileiro: ele se encontra de maneira mais expressiva nas áreas de serviço mais pesados, como a construção civil, no campo, em serviços domésticos, as mulheres recebem essa respo usabilidade por trás da capa de “dons naturais”.
 
 Na formalidade deste mercado trabalho, índices mostram que, como o negro não exerce de forma expressiva setores mais formais, muitas vezes a carteira de trabalho não é assinada pelo empregador, o que retira dele o direito de exigir c conquistas históricas alcançadas pelos trabalhadores em geral, como seres de direitos. São as mulheres são as que mais sofrem, pois estão empregadas como domésticas, balconistas, limpeza e conservação de ambientes, copeiras, etc. Os dados mostram no período dos últimos dez anos, menos de 1% da População Economicamente Ativa, dos negros eram empregadores

. Isso só nos revela a dificuldade em ocupação de cargos mais elevados, na qual, apenas 6 0% das mulheres negras que trabalham são assalariadas. Em relação à informalidade, os dados são alarmantes
, pois a pobreza vem aumentando diariamente junto com a luta pela sobrevivência nasgrandes favelas e comunidades pobres brasileira. Dito de outra forma, a exclusão no mercado de trabalho no Brasil tem cor. De acordo com os dados da MTD (movimento dos Trabalhadores De sempregados) de Porto Alegre, os mais atingidos pelo desemprego são os jovens e as mulheres negras, nas quais em atividades manuais que exercem, representam 79,4% do total, na qual 60% da s famílias chefiadas por mulheres negras têm renda inferior a um salário mínimo 
 
 

 
SAÚDE:
 
“No Brasil, o sistema de saúde brasileiro deveria ser um só, mas infelizmente, a prática tem revelado tratamento distinto para negro s e brancos”. Tal afirmação faz parte de uma pesquisa apresentada no Seminário Nacional de Saúde da População Negra, realizado por váriasorganizações ligadas ao movimento negro e instituições da área de saúde pública. Entre os dados apontados, está o número de mortes de mulheres entre dez e 49 anos, por causas relacionadas à gravidez, parto e complicações no pós-parto. Segundo o estudo, a morte de negras relacionada à gravidez é três vezes maior que a de mulheres brancas, devido à falta de assistência pré-natal.
 
 Por estes motivos e outros, a Área Técnica de Saúde da Mulher do Ministério da Saúde incluiu, nas Diretrizes e no Plano de Ação 2004-2007 da Política Nacional para Atenção Integral à Saúde da Mulher, metas e ações relativas às mulheres negras, estratégicas a necessidade de oferecer atenção especial às mulheres e recém-nascidos negros, respeitando suas singularidades culturais e, sobretudo, atentando para as especificidades no per fil de mortalidade. Pesquisando um pouco mais o processo de exclusão étnica referente às mulheres negras, em 2000, o Ministério da Saúde relacionou as principais doenças que podem acometer esta população que, segundo o Censo, somam 36 milhões de mulheres. Acessando estes dados, obtive dados do ano de 2002, e mostro como resultado o seguinte: “no Norte, 8,9% das mulheres negras que tiveram filhos não fizeram pré-natal, contra 6,5% das brancas da região.
 
 A diferença foi ainda maior no Sul e Sudeste. A proporção de negras que não tiveram acesso a consultas durante a gravidez foi o dobro das brancas. No Nordeste, 10,1% das gestantes negras não tiveram assistência pré-natal, contra 6,9% das brancas. No Centro- Oeste, a diferença foi de 3,9% contra 1,8%. O levantamento revela também que em 1980 a mortalidade infantil de negros era 21% superior à de crianças brancas. Em 2000, a diferença saltou para 40%”. Estas informações denunciam uma exclusão histórica e social da mulher negra que no século XXI. Têm cor e endereço certo: vilas, favela s, morros, encostas, cujas dificuldades a cada dia aumentam. Pois de acordo com a Senhora Maria Inês Barbosa, na época, secretária-adjunta da SEPPIR, Secretaria Especial de Política de Promoção da Igualdade Racial
 
 ''O perfil da saúde da mulher negra no Brasil está marcado pela precocidade dos óbitos'', explica. Segundo ela, a pesquisa aponta também uma prevalência maior de hipertensão da mulher negra, sendo um dos fatores o estresse gerado pela discriminação racial. ''O profissional de saúde precisa ser alertado sobre esse fato para evitar o óbito precoce''. Processos cancerígenos, anemia cruciforme, AIDS e outras doenças específicas da população negra, mostram um desajuste social na qual esse povo sofreu e vêm sofrendo em nossos dias. São assuntos de releva ciência social, na qual toda a população precisa estar alerta, pois nada está solto ou desconectado com o universo, e tudo se correlaciona com a categoria de totalidade que denominei sociedade civil. Tais complexidades precisam ser extraídas, trabalhadas e depois recolocadas no plano da sociedade como especificidades étnicas a serem respeitadas, valorizadas e socializadas, pois uma sociedade permeada por diversidades, exerce mecanismos sutis de violências. Algumas formas de violências:
 
 Muitas são as formas de manifestação de violência na sociedade brasileira. Entendo e concordo com o parecer definido oficialmente pelas Nações Unidas em 1993, que a violência contra as mulheres, pode ser: “Qualquer ato de violência de gênero que resulte ou possa resultar em dano físico, sexual, psicológico ou sofrimento para a mulher, inclusive ameaças de tais atos, coerção ou privação arbitrária da liberdade, quer ocorra em público ou na vida privada". Dados mostram que em todo o mundo, pelo menos uma em cada três mulheres já foi espancada, coagida ao sexo ou sofreu alguma forma de abuso durante sua vida, na qual, o agressor é geralmente, um membro de sua própria família. Portanto, um dos maiores abusos contrais Direitos Humanos ainda tem sido a violência contra as mulheres no mundo, nas quais muitas vêm evidenciar as relações de violências com as que bestões étnicas. Hoje, estima-se que de 40 a 70% dos homicídios femininos, no mundo, são cometidos por parceiros íntimos. Em comparação, os percentuais de homens assassinados por suas parceiras são mínimos e, frequentemente, nestes casos, as mulheres estavam se defendendo ou revidando algum tipo de abuso sofrido.
 
 Com o aumento da pobreza, também tem aumentado a probabilidade das mulheres serem vítimas de violência através de maus-tratos, espancamento e também psicológica, e em sua forma mais grave, a violência tem levado à morte muitas mulheres: Violência doméstica - apresenta-se na maioria das vezes, por parte de abuso cometido pelo parceiro íntimo é mais comumente parte de um padrão repetitivo, de controle e dominação, do que um ato único de agressão física. O abuso pode tomar várias formas, tais como: tapas, surras, agressões físicas através de golpes, chutes, quebras de objetos favoritos, empurrões, estrangulamento, e queimaduras, destruição de móveis, ameaças de ferir filhos ou familiares; Violência psicológica - pode ocorrer por discriminação, menosprezo, ameaças, intimidações e humilhação constantes; Violência sexual - podem apresentar-se através de assédios, estupros e obrigações indesejáveis pela parceira a praticar atos indesejáveis.Assim, no bojo de um universo de complexidades correlacionadas com a exclusão social e sua dialética com a mulher negra no Século XXI, busquei estabelecer momentos de troca referentes também com a pesquisa que venho desenvol vendo no curso de mestrado na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, cuja linha de pesquisa denomina-se: 
 
- Trabalho, movimentos Sociais e Educação, na qual através de uma abordagem dialética, busco estabelecer relações com o processo dias próprios, para que o ser humano negro, negra, melhor se reconheça enquanto sujeito histórico e social. Acredito que a pós estas trocas, melhor podemos trabalhar pela busca do respeito à diversidade, às diferenças étnicas, trazendo à tona a contribuição cultural, política e social como um rico legado de ancestralidade de matriz africana. Assim, juntos primamos por melhores espaços de visibilidade, pelo reconhecimento da ate, ritos, mitos, línguas, características geográficas, econômicas e principalmente educacionais de luta do povo negro, e principalmente as mulheres para a diminuição das desigualdades sociais em nossa sociedade. 
 
É por isso que,muitas vezes,  nossas reportagens ficam repetitivas, nossos textos enfadonhos, nossas palavras são levadas pelo vento, em nossos Congressos vemos muitas pessoas bocejando, por achar uma perda de tempo se gastar uma hora para achar uma solução que beneficie o status da mulher em toda nossa circunferência terrestre. Por que só os homens podem se beneficiar com o passo enorme que o mundo deu, em matéria de cultura,  dinamismo e na expansão dos nossos dotes, natos conosco.  Chega de tanta repressão, de tanta intolerância às mulheres. Os homens não podem esquecer jamais  que somos nós, mulheres, que os carregaram nove meses em nosso ventre... Eles vieram das nossas entranhas, que os alimentou enquanto estavam dentro de nós.



Texto de;JUSSARA SARTORI
Escritora, Poetisa & Freelance

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