sábado, 22 de dezembro de 2012

O PARITISMO VISTO COMO UMA FOLHA

EU COLHO UMA PEQUENA, UMA MINUSCULA FOLHA

Pode ser banal o fato em si. Pode ser que não olhemos o significado que, por vezes, algo pequeno  pode ter; nas coisas que traz consigo escondido, em sua simplicidade aparente, e sua fragilidade. Recolheu do chão uma folha pequena, minuscula, perfeita em sua estética. Praticamente tem tudo de uma folha adulta; só que muito mais jovem, muito menor, quase recém-nascida ou pouco mais. Pequena, amarela, cor do outono que, como faz um artista, se colore para depois cair, porque seu ciclo se concluiu. Depois, com delicadeza e cuidado, ele a colocou entre as páginas de um livro. Assim recordo.

Aquela pequena, miuscula folha tinha terminado a sua existência, para a chegada do outono sem suas regras. A partir da mesma árvore, cai na terra, como muitas outras folhas de vários tamanhos (muitas de tamanho maior) por ter crescido e ter chegado à sua idade adulta. Um pensamento me passou pela mente: - A natureza cumpre o seu curso e a pequens a minuscula folha teve a culpa de nascer e crescer na hora errada. Tarde demais comparando-a com as outras que tiveram tempo para se tornar "adultas". Isso, no entanto, foi mudado por ela por não ter conseguido se tornar adulta; por isso não foi capaz de agir  como uma pessoa crescida, porque o tempo foi curto para que isso acontecesse, pois teve a desventura de nascer no final da temporada ela teve que seguir o seu curso e foi obrigada a cair muito jovem, com a alimentação interrompida pelo fato que, tendo sido excluída do seu habitat, seus fornecedores energéticos foram cancelados pela lei natural da primavera.

Passei, então, a pensar que a vida das plantas está relacionad à vida humana, pensando em todas as crianças que têm a infelicidade de nascer na hora e lugar errados, como se estivessem em uma zona de guerra, ou colocadas em uma tenda maltratada, num deserto, debaixo de um sol implacável, sendo chicoteadas pelas areias trazidas pelo vento, porque elas tiveram que fugir do seu país ou de uma área acometida por muita fome, atormentadas por uma doença grave, sem remédios, sem comida e sem água, sob condições extremas da vida, onde a sua jovem e imatura idade e dificuldades ambientais, fazendo com que elas caiam da árvore da vida.

Claro que você pode notar uma diferença entre os dois casos. A criança viveria se houvesse uma vontade, por parte dos adultos, para superar o egoísmo e a estupidez que lhes atingiram. A folha sofre por causa de uma consequência natural e inevitável. O ponto é esse; pelo motivo que o ser humano afeta a si mesmo; em outras palavras eles podem ser semelhantes quando podem salvar uma criança, evitando que seja destinada a um fim terrível e precoce. As folhas, uma vez caídas, se amontoam e, em seguida, são espalhadas para alimentar o solo. A criança é deixada para morrer de fome com impunidade por que o mundo adulto prefere às armas, a corrupção, o dinheiro, em vez de alimentos, ajudar a seres sem instrução e vivendo na ociosidade, porque se trata de uma pessoa e não vê que isso é um grave delito. Olhando aquela pequena, minuscula folha você poderá ver o rosto de um bebê pequeno, esquelético e seus olhos suplicantes perguntando: - Por que?

Não há necessidade de anunciar na televisão, filmar imagens de crianças desnutridas para que nos sintamos culpados por nossa "riqueza", procurando um amor que seja grande para  a nossa consciência mas, talvez, não o suficiente, quando os governos envergonhados por terem cortado os recursos para dar a quem precisa. Para comprar armas caras sempre existe dinheiro. Embora, infelizmente, hoje em dia tem pessoas que sofrem e morrem por sentir fome e sede. Há muitos anos atrás a aONU, através da FAO havia estabelecido um programa de combabate à fome. Um programa grandioso mas, depois de muitos países se envolverem e acatarem, escolheram outros caminhos, outras estradas.

Aquela pequena, minúscula folha trouxe de volta, ao abrir o livro, naquela exata página onde coloquei, a lembrança daquela criança que, forçosamente, será salva porque em algum lugar ainda existe alguém que ama às pessoas. E aquela pequena, minuscula folha,  lembrará a você que as pequenas coisas podem lhe fazer começar uma jornada intelectual de solidariedade para com qualquer pessoa, independente do lugar de onde veio.

                                                                               Escrito por: ROBERTO ROSSI
                                                                               Poeta e Pintor
                                                                               Traduzido por: JUSSARA SARTORI
                                                                             
                                                                      

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