segunda-feira, 6 de julho de 2015

ANJO RELUZENTE

ATÉ QUANDO VAI A FORÇA DAS MULHERES..

Eu sempre sonhei fazer uma entrevista,  como esta. Fico triste e, ao mesmo tempo feliz, em que uma verdadeira mulher, teve coragem suficiente de se abrir para mim, como se àquele peso que levava às costas lhe atrapalhasse a seguir em frente.... Procurar à felicidade e o verdadeiro amor, coisa que o passado lhe impedia. Hoje, entrevista a à Giulia Giulliani, que tem uma história, exatamente, igual à minha.
PARITARIO - Giulia, como foi à sua infância?
GIULIA: . Maravilhosa. Tive avós, tios e, ainda pais, que me amam muito. Era difícil me transformar em muitas Giulias para contentar toda uma família de italianos dóceis, de sangue quente.

PARITARIO - Você vivia como uma princesa e todos os tios a disputavam, por ser a primeira sobrinha e neta?
GIULIA - Isto mesmo, mas nem por isto eu os destratava. Não tinha nem como, todos me requisitavam como se eu fosse exclusividade deles.

PARITARIO - Recorda de algum momento triste ou cômico em sua infância?
GIULIA - Sim. Uma vez, à minha terceira tia, no cronograma genealógico.me deixou que eu brincasse com fogo, em uma fornalha da minha avó (Eu só tinha cinco anos). Ela me deu fubá e arroz, para brincar...

PARITARIO - O que sucedeu desta brincadeira?
GIULIA - Eu fiz uma papa com o que ganharia e queria dar para algum residente daquele quintal imenso experimentar.

PARITARIO - E, conseguiu?
GIULIA - Sim. . A mamãe pata passava com sua ninhada toda amarelinha, Tinha uns  vinte patinhos, todos, lindamente, amarelinhos.  Fui pegando um a um daqueles lindos patinhos, abrindo-lhes o bico, e colocando àquela papa fervendo lá dentro. Não me dava conta que já estavam mortos até que minha tia apareceu e me disse: - Giulia, o que que fez com os patinhos? Estão todos mortos....

PARITARIO - Apesar das muitas confusões e da sua grande inocência, continuou a ter uma infância e adolescência feliz....
- Sim, apesar das minhas atrapalhadas eu era muito feliz pois olhava a vida como um conto de fadas.

PARITARIO: - Era feliz, vivendo à margem da realidade?
GIULIA - Sim, pois quando não estava brincando ou estudando, estava lendo fábulas, escrevendo; escrevi meu primeiro livro ainda não tinha quinze anos.

PARITARIO - E sua família, o que dizia?
GIULIA - Que eu vivia com os pés na lua.

PARITARIO - Com o passar dos anos você cresceu e estava cada vez mais linda e inocente, pois passou das fábulas aos romances "água com açúcar"...
GIULIA - Sim, mas era outra realidade, outros tempos. Como um encantamento apareceram inovações fantásticas, como a maneira virtual para se comunicar.

PARITARIO - Como encarou estas inovações?
GIULIA - Nunca quis correr etapas. Meu sonho era ter dois filhos.

PARITARIO - E como os conseguiu?
GIULIA - Ele era colega de minha prima em uma outra universidade..

PARITARIO - E como acabaram se casando?
GIULIA - Por insistência da minha prima. Tinha tanta vontade de ter filhos que fui passando por cima de todos os seus defeitos, pensando que, depois de casada, as coisas melhorariam pois ele era um alcoólatra e, quando estava embriagado não era ele, era o diabo.

PARITARIO - Vocês viviam bem?
GIULIA - Quando não estava embriagado era um ser, aparentemente normal. A sociedade o achava uma dama......

PARITARIO - O que aconteceu?
GIULIA - Ele sempre exagerava nas bebidas (mais e mais), fez com que eu perdesse um emprego muito bem remunerado (estava sempre de mau humor, quando estava alcoolizado...

PARITARIO - E você?
GIULIA - Eu dividia meu tempo na rotina diária, em escrever, escutando música; eu sempre tinha mais inspiração mergulhada na musica. Levei quatro anos para me engravidar pois o emocional travava a realidade, sem contar que o alcoolismo dele atrapalhava muito..

PARITARIO - Conseguiu seus filhos a duras penas.
GIULIA - Sim. Ele foi acabando com tudo que eu possuía em bancos, foi abalando minha autoestima, até que eu, com medo dele, comecei a me esconder nos calmantes e soníferos.

PARITARIO - O que aconteceu?
GIULIA - Fui deixando de ser eu mesma e passei a ser uma sombra de mim. Desta maneira nem sentia seus bofetões e chutes

PARITÁRIO - Seus lindos filhos chegaram, depois de muitos tratamentos para os conseguir... E depois?
GIULIA - Sim, eu os consegui a duras penas pois foram duas gravidez passadas em cima da cama, para não os perder. Foram duas gravidez de auto risco.

PARITARIO - Sua vida melhorou? Seus filhos fizeram dele um homem menos amargo e egoísta e agressivo?
GIULIA - Não me faça rir de tristeza. A partir daí nós três passamos a ser seus alvos preferidos. Minha irmã veio morar comigo mas ele não a respeitava como ser humano. Sentia-me um pouco mais protegida com a presença dela..

PARITARIO - Sem contar com a vez que ele a jogou na porta de uma clínica de repouso, deixando-a sozinha e jogada ao chão, o que mais recorda de agressividade?
GIULIA - Recordo de uma vez em que ele já havia bebido umas dez garrafas de cerveja. Passou para o whisky. Peguei a metade da garrafa que ainda existia e joguei na pia da cozinha. Ele me deu uma bofetada e um chute na perna esquerda; por pouco não ferindo minha filha de um ano, que estava nos meus braços.

PARITARIO - E,depois, o que aconteceu?
GIULIA - Nosso relacionamento foi ficando insuportável. Comprei um colchão e dormi no quarto das crianças seis meses; só, então, ele deu pela minha falta na cama. Mas o que poderia ser "a nossa cama" era um recanto de tortura.

PARITARIO - Ele os abandonou?
GIULIA - Sim, sem nenhuma maneira de sobrevivência pois tudo que eu tinha ele colocou fora.

PARITARIO - O que fez?
GIULIA - Primeiramente fiquei com ódio de todos os homens do mundo. Saí de Belo Horizonte, Criei meus filhos com amor justiça, amor, honestidade e fiz deles duas pessoas do bem. que serão grandes pessoas daqui há pouco tempo.

PARITARIO - E as suas obras?
GIULIA - Nossa! É muita coisa. Conheci muitas pessoas cultas, do mundo das letras e da música na Itália e na América do Sul. Há vinte e seis anos que um homem não me toca mais e, se isto acontecer, será por amor e confiança (pois a minha está perdida ha muitos anos) ,

PARITARIO - E como você se sente?
GIULIA - Estou em paz comigo mesma, por ter cumprido com meu dever de mãe e mulher, mas, ainda, tenho medo e raiva dos homens. Agora me dedico com maior prioridade a causa das mulheres violentadas, as que sofrem de violência doméstica ou que são importunadas pelos feminicidas (as que conseguem se salvar). Sinto estar cumprindo com meu dever e solidariedade.

PARITARIO - O  mais, que lhe falta?
GIULIA - Mais pessoas aderindo ao movimento Paritario; cooperando mais, escrevendo, deixando sua história digitada aqui, para que consigamos à "igualdade" e um mundo melhor para todos.



POSTADO POR PARITÁRIO
JUSSARA SARTORI


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