domingo, 26 de abril de 2020

SÓ UM MILAGRE PODE SALVAR A MULHER DO FEMINICÍDIO...

Venho acompanhando a reação dos homens dentro de casa, nesta época de pandemia e quarentena desorganizada. A mulher está, agora, totalmente desprotegida. Estando em casa poderá ser morta ou atacada seu companheiro desfocado, louco, que não sabe controlar seus instintos animalescos... Fora do seu domicílio poderá ser infectada pelo vírus Covid 19 que também poderá matá-la.

Antes via o mundo ruim por um lado (o dos homens). Agora está ruim por todos os ângulos possíveis, não se vê muita saída para qualquer lado em que se escolhe andar. A vida está se tornando um filme de terror. A algum tempo o homem respeitava mais ou menos o ambiente social. Atualmente ataca e mata à mulher sem se importar se está em um lugar isolado ou ao centro de algum aglomerado.

Os serviços de proteção à mulher não funciona bem como, aliás, nunca funcionou. Em cada três mulheres em todo o mundo já sofreu violência física e/ou sexual mas é provável que esta crise piore com o resultado da pandemia do novo Coronavírus. À sombra do Covid 19 está  à violência contra mulheres,  meninas e o novo Coronavírus. Como agir para solucionar um caso se nós mesmas estaremos expostas ao "inimigo invisível", o vírus.

 Todos nós, como sociedade, devemos nos colocar à disposição para procurar minimizar os efeitos colaterais deste momento. Se você ver ou escutar violência contra a mulher durante a quarentena, denuncie, chame à polícia, peça socorro, se não estiver com seu celular. É imprescindível que o monstro seja pego para que não faça isto novamente porque estará preso.

 O confinamento em vários países da América Latina para conter a pandemia de Covid-19 disparou os pedidos de ajuda de vítimas de violência doméstica, feminicídio, obrigadas a conviverem com seu agressor em uma região onde a média de ultrapassa a mais dez por dia. - A quarentena deixa milhares de mulheres em um inferno, trancadas com um agressor que temem mais do que o coronavírus.

 A América Latina registrou cerca de 3.800 feminicídios em 2019, segundo dados preliminares. Isso representa um aumento de 8% em relação ao ano anterior. Na Argentina, 18 mulheres foram assassinadas por seus companheiros, ou ex-companheiros, nos primeiros 20 dias de quarentena, que começou em 20 de março. A situação se repete no México, no Chile e Brasil, onde as ações dos governos e de associações civis são insuficientes para conter os assassinatos.

 O exame de ultrassom deu menino. Pais, avós e tios compram a camisa de futebol do time preferido para o futuro bebê! “Homem não chora”, “moleque não veste rosa”, entre outros tantos ditos. Filhos crescem sem saber lidar com a “frustração”, sem aprender com o ‘não’. Adultos imaturos coisificam a mulher e, quando a posse sobre a “amada” lhes escapa, não sabem conviver com a perda e matam.

Estes são os principais componentes presentes na construção do perfil de feminicidas, produtos de uma sociedade culturalmente machista, onde valores e costumes sustentam - por pais, mães, avós, tios e tias - a hegemonia da chamada masculinidade tóxica, aponta a ciência social. O fato adicional que, por vezes, acompanha essa tragédia humana, é o assassino chegar ao extremo de sua covardia patológica: ele, na maioria das vezes, dá cabo a sua própria vida, em seguida.

 O feminicida também pode ser, regra geral, um ser com desenvolvimento social deformado, construído a partir do homem "ensinado" a não chorar, a não demonstrar sentimentos. Mas não é só isso porque estas qualificações lhe foram passadas por pessoas retrógradas pois o homem normal também chora como uma mulher, como ser humano que é ou... Demonstra ser.

   E lá está o falso adulto machão que passou a controlar com quem "sua" mulher conversa ou não, quando e como ela pode sair e qual roupa ela deve usar. A humilhação vai além do emocional, expõe as feridas físicas, no longo tempo de cláusula familiar a que mulheres se submetem, em nome da preservação dos filhos e,  muitas vezes, da família que a criou com muito amor e carinho.

 Combinar ultrapassados valores culturais - e de formação - com repetições de padrões inter geracionais formam o estopim ideal para a insana capacidade deste sujeito achar que pode explodir a ponto de eliminar sua "posse" com tiros, estrangulamentos, espancamentos, facadas, esquartejamentos e outras coisas monstruosas.

Matar uma mulher nesse conceito significa, claramente, que, para a construção da masculinidade tóxica, ela era propriedade dele. Sem respaldo da família, sem amparo social e sob o domínio do narcisista tóxico, esta vítima precisa ser alcançada antes do decreto de morte. Como lidar com os assassinos? Há saída para os agressores de hoje, potenciais feminicidas de amanha? Qual o caminho para as novas gerações de meninos/homens?

 Assim, ele adverte, primeiro, que o homem não é uma tábua rasa. "Já vem, e vai construindo, algumas ideias sobre si mesmo e o que fará de sua vida. E, dentre elas, está a ideia de que ele ama a si mesmo. Só faz o que pensa que é bom para si mesmo, especificamente para à sua pessoa. Tem uma consciência de que quem se manda é sua própria pessoa . E ninguém consegue mudar o seu pensamento" porque foi moldado para agir desta maneira.

E, se este homem vê a outra pessoa, seja quem for, como objeto, ele se apossa desse objeto. "Aí, ele cria situações para que aquilo jamais mude. Porque ele está certo de que, se mudar, o sofrimento dele será de cem por cento ou mais. Quando se vê ameaçado, acha que será insuportável conviver com a frustração, a perda. E cai na vulnerabilidade. Acha que ela será tão avessa quanto a morte pra ele", diz.

É um pensamento contraditório. Porque esse homem que coisifica o outro vai sentir essa vulnerabilidade extrema. Ele acha que vai resolver tornando o outro objeto dele. E, na medida em que essa vulnerabilidade instala desequilíbrio pra ele, o pensamento que ele começa a desenvolver é de que o outro é inimigo, o outro vai me machucar.

 Então, ele passa a criar uma defensividade impulsiva automática. Sem reflexão. E passa a ter como meta tornar aquela pessoa o objeto que um dia se submeteu a ele. E ela o fez com muito amor, enquanto ele continua com seu pensamento egoísta, machista, que a mulher não é nada que o homem nasceu para comandar, ser dono de tudo; isto acontece desde o primórdio dos tempos.

 Falta, então, educação emocional para o controle de impulsos. "O ser humano nasce como se fosse um cavalo selvagem. Então, força, impulsos e pensamentos precisam também ser educados para a convivência em sociedade. É como se fosse domar também os sentimentos.

 As emoções também têm de ser educadas. E, um mundo em que a educação se torna tão liberal e a sociedade tão conivente com o erro e passiva ao que conceituamos errado, como código de convivência, formar selvagens emocionais, que não sabem domar suas reações ao 'não', é uma realidade", sustenta.

Se a família não criasse um filho varão para ser escravo de si mesmo ele não seria um ser doente, psicopata,egoísta, pensar que casa com uma mulher para ser dono dela, como agiam "os antigos senhores" num passado não muito remoto. Mesmo em países como a Índia onde as mulheres já são destinadas a um homem que ela nunca viu, sem ler livre arbítrio de escolha. E diz-se que vivemos em um mundo informatizado, moderno... Globalizado.

Em mim ninguém mais mandará em nada porque sou dona da minha própria vida. Nascemos como os animais das grandes floresta; para ser livres e viver por nós mesmas. Muitas vezes escolhemos o demônio e ficamos com ele por livre e espontânea vontade. Mas podemos escolher um anjo e viver no paraíso pois creio existir um homem de caráter solto por aí.


Texto de: JUSSARA SARTORI
Escritora, Poetisa & Freelance

3 comentários:

  1. Boa noite. Neste não achei a lista de seguidores.

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  2. Você diz que o serviço de proteção a mulher não funciona. Mas é melhor ter algum serviço do que nenhum, não? E como poderemos melhorar esse serviço. Muitas mulheres ameaçadas não têm condição, têm medo e/ou não sabem como denunciar.

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  3. Cada um vê às coisas de forma diferente. O que adianta ter um serviço de proteção que não funciona e muitas mulheres que parece que gostam de apanhar ou morrer? Creio mesmo que o amor morreu ou nunca existiu; as pessoas ficam juntas por ficar... Talvez para se beneficiar de um momento... Dinheiro, solidão... Mas pagam um preço muito alto.

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