sexta-feira, 12 de junho de 2015

MISTÉRIOS... SILÊNCIOS...

Meus conflitos internos, minhas decepções com as coisas malévolas que os homens faz, minhas interrogações, meus silêncios infinitos, são mistérios invendáveis para mim. É até um pouco incoerente falar de mistérios indesvendável; mas é assim que os sinto, é assim que os capto. Amor, amar, é uma coisa tão deslumbrante, tão transparente...

 Obsessivamente sutil. Venho escrevendo, já faz tempo, sobre o  tratamento que a maioria dos homens dedicam às mulheres, que é o pior que posso ver e sentir, nas entrelinhas, dos casos medonhos sobre o macho fazendo com a fêmea (tão linda, cheia de amor, frágil, doce, pronta para lhe entregar tudo de bom e sublime, que só ela sabe como doar). Certos homens me enojam e me fazem sentir atolada em um lamaçal gosmento e inóspito. Muitos escrevem que a cultura de um certo país faz o homem  mau, um lobo mau....

 O homem é igual em todas as culturas O que lhes falta é um pouco de hombridade, refinamento e uma educação mais rígida, que lhe impinja uma maneira de ser e um comportamento dócil, maleável em suas decisões grotescas, animalescas.O conceito entre o que é certo e errado sempre foi um grande desafio filosófico para a humanidade. Há aqueles que aceitam os valores ético/morais impostos por um grupo de líderes de um passado distante e outros que sequer tem a capacidade de conceber que tais crenças foram sim inventadas por outros seres humanos (tão toscos quanto nós) e transmitidos por gerações e gerações.

 Dentro de padrões ancestrais de comportamento, vivemos as nossas vidas, e estamos tão adaptados a eles que quando enxergamos algo que vai de encontro a esses princípios, a  primeira sensação é a repulsa. Tudo engendrado insolitamente no inconsciente. Não se alimentar de cães e gatos, não ter relacionamentos incestuosos, ser do bem e zelar pelos pobres e indefesos, há tantas coisas… O que é ser do Bem? se não colocar em prática o que a terminologia determina quanto à sua tradução semântica? Esses exemplos são melhor compreendidos quando colocamos em cheque acontecimentos aleatórios que se passam ao redor do mundo.

 Nessa segunda-feira, foi divulgado vitalmente nas redes sociais o caso da jovem Rawan, de apenas oito anos, que foi vendida pelos pais à um saudita de 40 anos, que se casou com ela e a matou na noite de núpcias. A causa da morte? Ferimentos internos no útero. Isso é errado? Sim, claro, levando em consideração a nossa esplendorosa superioridade evolucionista que faz das civilizações ocidentais opções muito superiores e portanto dignas de ditar ao mundo as nossas filosofias, que segundo essas crenças, são bem mais humanistas e igualitárias, será?

 Quantas pessoas escutam esse tipo de barbárie (acabo de me acometer da síndrome de minhas raízes ao usar esse termo) e se revoltam? As tradições de outras culturas nos parecem absolutamente abomináveis, mas para eles, crenças naturais justificáveis e indispensáveis para o perpetuar de modos de vida e organização? Menino que se casou com mulher de 60 anos na África. É revoltante conceber que, em algum lugar do mundo, os pais tem o direito de vender suas filhas de oito anos para que sejam estupradas por criminosos travestidos em supostos maridos. Mas, se um ser humano, seja lá em que parte do mundo isso aconteça (já que é um evento que se repete aos milhares nesses lugares) considera honesto esse tipo de conduta tradicionalista, não há outra alternativa que não seja nos classificar, homens e mulheres, como criaturas adestráveis.

 Vítimas de nossas próprias ideologias. Somos bichos que aprendem a lidar com o cotidiano pelos quais estamos inseridos e nos afundamos nisso como a capivara no lodo, gozando o prazer de ostentar bandeiras pintadas por outro. Recusar a isso seria anarquia? Vou além! Você leitor, se não tivesse nascido aqui, e se submetido às culturas de nossa civilização democrata-cristão, Você! Seguramente venderia a sua filha de oito anos para um desgraçado grisalho qualquer e acharia isso perfeitamente natural.

 Deixando-me levar por tantos conceitos e argumentos que inventam que, muitas vezes, degeneram à minha maneira de pensar, por átimos de segundo, como agora, procurando uma saída, uma solução plausível para unificar todos os pensamentos aos de um homem conscientemente normal, para o mundo ser menos cruel. A partir deste ponto eu creio que pudesse existir a igualdade entre macho e fêmea. Enquanto isto não acontecer, continuarei com meus mistérios in solucionáveis, com meus silêncios, que fazem com que eu entre em verdadeira batalha interna comigo mesma.



Texto di: JUSSARA SARTORI
Escreitora, Poetisa & Freelance

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