Alunas lutam contra violência sexual com mulheres em universidades
Casos de estupro têm se multiplicado em universidades
do país e em outros países também. As autoridades se acomodam e cruzam
os braços para tudo de ruim que passa diante dos seus olhos e que,
ainda, estão por vir. Alunas criam grupos para dar apoio a vítimas e
tentar acabar
com esse tipo de violência.
Estudar é preciso e prioridade para jovens,e também os de idade mais
avançada que decidiram recomeçar. Se estancamos na vida ou paramos por
algum motivo, na juventude, nunca é tarde demais para recomeçar a
estudar.
Como já não tivéssemos problemas de sobra com os
femicidas, os homens lobos, oriundos das cavernas, da idade média, era
pagã, agora está se alastrando pelas universidades o horror de ser
estuprada pelos próprios colegas de universidade.
Eu sou
mãe e vi esta legenda horrível estampada em muitos países do mundo; sem
contar que passei por esse horror muitas vezes, com um ex colega
universitário que, na época era meu esposo (ou um demônio disfarçado de
homem, não sei explicar bem; o que sei dizer é que quase deixei de ser
humana)
ia ter
Não gosto de me lembrar do passado, mas
com a sede que tenho de ajudar às mulheres todas que sofrem algum tipo
de agressão física ou psicológica não poderiam ter medo quando encontram
alguém disposto a ajudá-las. Será que é tão difícil assim falar,
denunciar? Eu consegui abrir meu coração ao mundo mas.... Que chance eu
tenho de ter uma vida conjugal feliz? Nenhuma, creio.
No
meu tempo de estudante tudo era bem diferente e até divertido. Nossos
colegas (digo, os machos..... Eram mais da paz e amor e não da tortura e
da morte.A atitude de um grupo de estudantes de uma universidade
pública em
Minas Gerais gerou polêmica. Eles cantaram uma música que incentiva o
estupro em um lugar onde havia outras estudantes. Essa história
aconteceu na mesma semana em que uma universitária americana chamou a
atenção pela forma como resolveu protestar contra um suposto agressor
sexual.
Pelo meu ver, hoje são poucos os homens de
verdade; o restante podemos chamar de monstros narcisistas, criaturas
hediondas que não estão prontas para morar junto a civilização. Existem
muitos pontos que podemos citar como, digamos, uma desculpa aleatória (o
das mulheres mais emancipadas deixarem seus filhos nas mãos de algum
serviçal e quase não se verem, não se falarem, trocarem amor filial,
materna e.... Também paternal, pois não de faz um filho sozinha)
Os
jovens de hoje parecem ter vindo de era paleozoica, onde tudo era rude
e grotesco e disforme - imagem que faço daquela época que não existe
mais, mas que deixou resíduos horríveis de herança para nós. Uma herança
que temos que lutar para nos livrarmos e não utilizá-la.
Belo Horizonte, sábado passado. As amigas Luísa e Marcela estavam em um
bar. “Foram chegando outros jovens também e muitos deles identificados
com a camisa da Bateria Engrenada da UFMG”, conta Luísa Turbino,
estudante da UFMG.
A bateria é um grupo musical formado por estudantes de engenharia da
Universidade Federal de Minas Gerais. Esse tipo de grupo - ou charanga,
como também é chamado - se apresenta em festas da faculdade. Só que as
músicas, naquela noite, chamaram a atenção.
“Eram músicas de conteúdo sexual que denegriam as mulheres.
Principalmente de outras universidades”, lembra Marcela Linhares,
analista internacional. “Em determinado momento começou um grupo menor,
começou a cantar a frase: ‘Não é estupro, é sexo surpresa’”, afirma
Luísa.
“Eu fiquei muito chocada, muito triste, que as pessoas pudessem considerar aquilo uma brincadeira”, lamenta Marcela.
“Nessa hora, a revolta bateu, a gente já pediu a conta e foi embora do
bar”, lembra o namorado de Luísa Daniel Arantes Castro. Ouvir aquela
música foi tão desconcertante que quando a Luísa chegou em
casa, ela não conseguia pegar no sono e decidiu: na madrugada mesmo,
fez um protesto nas redes sociais. “Mais triste ainda foi ver mulheres
envolvidas na cantoria e mais ainda, perceber que ninguém se sentiu
incomodado”, diz Luísa ao ler o protesto.
Mas o incômodo se espalhou entre os alunos depois da postagem de Luísa,
que cursa o mestrado de Direito da UFMG. Em nota, a Bateria Engrenada
afirma ‘lamentar profundamente’ o episódio. Diz que ‘não ignora o
ocorrido e que está apurando’ o caso. A universidade afirma que espera mais informações para abrir um
processo administrativo. “Nós esperamos que os alunos, que supostamente
estão envolvidos nesse episódio, nos apresentem um relato do que de fato
aconteceu”, afirma Sandra Goulart Almeida, vice-reitora da UFMG.
O assunto estupro em universidades também ganhou força nas últimas
semanas nos Estados Unidos, como mostra um repórter. Os
casos de estupro e agressão sexual dentro dos campus das
universidades viraram assunto de Estado. O Departamento de Educação dos
Estados Unidos, a pedido do presidente Barack Obama, está investigando
78 universidades suspeitas de ignorar denúncias feitas por estudantes.
Uma delas virou símbolo dessa luta, e estuda na Universidade Columbia,
uma das mais importantes do país. Emma diz que foi estuprada por um
colega no quarto da universidade. Ela denunciou o caso à direção, que
considerou o estudante inocente. Para protestar, Emma agora só anda pelo
campus da universidade carregando o colchão onde teria acontecido a
agressão. “Eu vou levar o colchão comigo enquanto eu frequentar o mesmo campus que o meu estuprador”, conta a estudante.
Um relatório divulgado pelo governo americano mostra que uma em cada
cinco mulheres sofreu abuso sexual na faculdade. Depois da repercussão
da história de Emma na imprensa, a Columbia agora
obriga os alunos ouvir palestras sobre violência contra as mulheres. O
brasileiro Guilherme, estudante de Direito, participou de uma delas.
“Não é só porque está em silêncio, um não, um não meio assim, a menina
está um pouco bêbada, significa que você pode fazer o que você quiser.
Então eles entraram bem a fundo, educação mesmo”, explica Guilherme de
Aguiar Franco, estudante.
Emma e outros estudantes montaram um grupo para ajudar outras vítimas
de violência no campus. Uma iniciativa que também está acontecendo no
Brasil, onde esses grupos são conhecidos como ‘coletivos’.
Um deles é o Coletivo Feminista Gení, da Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo, a USP. “Como nunca foi construída na
faculdade essa cultura de acolhimento das vítimas, muitas vítimas também
não se sentiam à vontade para falar sobre uma violência que elas tinham
sofrido”, conta Ana Luísa Cunha, estudante de medicina da USP.
O grupo foi criado no final do ano passado, a partir da denúncia feita
por uma estudante. O abuso, segundo ela, aconteceu em uma festa dentro
da USP no em novembro de 2013. “Bebi bastante. Eu não estava
inconsciente. Eu estava consciente. E aí dois meninos chegaram em mim e
tentaram me convencer para ir no estacionamento com eles. E eu falava,
não quero. E ele falava: ‘Você quer sim, eu sei que você quer. Eu sei
que você gosta’”, lembra a jovem.
Ela diz que estava tonta por causa da bebida e que não conseguiu
resistir. “Eles me beijaram, enfiaram a mão dentro da minha calça.
Passavam a mão, tudo. Por dentro da roupa. E eu lembro nitidamente na
hora que eu estava gritando que não queria e um deles ficou bravo, falou
assim: ‘Para de gritar! Para de gritar!’”, conta. A estudante escapou quando uma colega apareceu. “Ela viu que estava
estranho, veio ver o que aconteceu e me chamou. Nisso que ela me chamou
eu consegui sair”, afirma.
Quatro dias depois, ela foi aconselhada por amigas e por um professor a
fazer um boletim de ocorrência na polícia. E, com ajuda do coletivo, a
aluna levou o relato até a direção da faculdade.
“A partir da pressão que a gente fez, foi criada uma comissão para
apurar questões de violência dentro da faculdade, entre elas violência
contra a mulher”, conta Marina Souza Pickman, estudante de Medicina da
USP. Uma sindicância interna foi aberta em junho deste ano, seis meses
depois da denúncia. A investigação está sob sigilo. Em nota, a Faculdade
de Medicina da USP afirma que está ‘empenhada em aprimorar seus
mecanismos de prevenção de casos de violência’. Diz também que ‘irá
adotar punições disciplinares de acordo com o código de ética da USP’.
“Ninguém tem direito sobre o corpo do outro. Não é? Quer dizer, as
meninas podem beber até cair, porque elas bebem ou porque os outros,
algum outro fez com que ela bebesse, mas isso não quer dizer que o corpo
dela esteja a disposição de ninguém”, afirma Miriam Abramovay,
socióloga.
Não existem estatísticas sobre agressões sexuais em universidades
brasileiras. Mas os casos se repetem por todo o país: Acre, Bahia,
Espírito Santo, Paraíba, Piauí, Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul,
Pernambuco, Rio Grande do Sul, São Paulo. Agressões cometidas pelos
próprios estudantes e por pessoas de fora da universidade, que entram
nos campus por falta de segurança.
“A universidade é responsável também. E ela tem que pensar estratégias
de combate para todo tipo de violência”, afirma a socióloga.
É a insegurança e a falta de respeito às mulheres que os coletivos
combatem em diversos estados. No Coletivo Iara, da Universidade Federal
do Paraná, alunas conseguiram fazer com que a bateria do curso de
Direito parasse de cantar músicas machistas na recepção aos calouros.
“A partir do momento que a bateria canta isso e isso gera um coro, isso
também afeta diretamente as mulheres. Só uma reiteração realmente da
violência que ocorre na universidade”, diz Barbara Cunha, estudante de
Direito da UFPR.
Enquanto os autores do refrão ‘não é estupro, é sexo surpresa’ não são
identificados e punidos, a Banda Feminista da Universidade Federal de
Minas Gerais dá a resposta: canta contra o preconceito. “Eles me
disseram algo que me deu tristeza, que estupro na verdade é sexo
surpresa. Dá uma olhada nisso, é de se indignar. Isso é cultura do
estupro e contra isso eu vou lutar. Fora machismo”, cantam as meninas da
banda.
Onde está o nosso direito de andar sem
medo pelas ruas, de frequentarmos uma universidade, para sermos pessoas
de bem num futuro próximo; salvar vidas, defender inocentes e não fazer
da vida um inferno, um lugar impiedoso, onde não se vive: - Vegeta....
Texto de; JUSSARA SARTORI
Escritora, Poetisa &Freelance
Escritora, Poetisa & Freelance