sábado, 6 de setembro de 2014

SPESSO TI IGNORANO


Camminano…camminano…
Sopra di te.
Ignari
a volte
della vitalità tua.
Cercano di conoscerti.
Spesso
ti ignorano.
Per le loro necessità…
ti violentano in ogni dove.
Per essi
sei solo un suolo
dove vivere, prosperare
ed esprimere i propri bisogni.
La loro breve vita
non considera
la tua natura.
E tu,
a volte
rinfreschi la memoria loro.
Allora sono
lutti, lacrime, paura, disperazione.
Eppure sei viva,
Terra,
sei magnifica, unica,
a volte…
terribile.
Ed essi,
spesso
ti (lo) ignorano. 
 
 
Poesia di: ROBERTO ROSSI
Poeta, Pittore & Scrittore

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

UM POUCO DE PARIDADE E VALORIZAÇÃO AO MEIO AMBIENTE


Fiquei apaixonada por este grande senhor, a sua maneira de administrar o Uruguai, seu país, mesmo sendo considerado por muitos de seus compatriotas ser uma pessoa ambígua. Como podem as pessoas o rotularem assim se ele vive em sua pequena fazenda, usufruindo pouco ou quase nada do seu salário de presidente, usando como transporte um arcaico Volkswagen, que hoje é peça de museu e procura assistir ao seu governo com a igualdade, para que todos vivam bem e os pobres saiam da pobreza. Esse senhor "maravilhoso", diante da minha maneira honesta de encarar mandatos políticos.

 Ele é, verdadeiramente, um exemplo de vida e de estadista a todos os governos do mundo. Para ser mais clara no que digo, o presidente uruguaio José “Pepe” Mujica, um ex-guerrilheiro marxista de 78 anos – passando 14 deles na prisão e em sua maioria na solitária, recentemente visitou os EUA para um encontro com o presidente Barack Obama, no qual falaram sobre variados assuntos. Ele disse à Obama que os norte-americanos deveriam fumar menos e aprender mais idiomas. Discursou para uma sala cheia de empresários na Câmara do Comércio dos EUA sobre os benefícios na redistribuição de riqueza e aumento do salário para a classe trabalhadora. Falou aos estudantes da American University que não existem “guerras justas”. Qualquer que fosse a audiência, ele falava espontaneamente e com uma honestidade tão brutal que ficava difícil não amar este homem.

 Ele vive com simplicidade e rejeita os benefícios da presidência: Mujica se recusou a viver no Palácio Presidencial ou ter um “cortejo motorizado”. Ele vive em uma casa de apenas um quarto na fazenda de sua esposa e dirige um fusca de 1978. “Houve muitos anos em que eu ficaria feliz em apenas ter um colchão”, disse Mujica, se referindo a seu tempo na prisão. Ele doa mais de 90% de seu salário de 12 mil dólares à caridade – o que o coloca no mesmo patamar de renda de um cidadão uruguaio comum. Quando o taxaram de “o presidente mais pobre do mundo”, ele também refutou o rótulo: “Uma pessoa pobre não é aquela que tem pouco, mas aquela que precisa sempre de mais e mais e mais. Eu não vivo na pobreza, vivo com simplicidade. Necessito de poucas coisas para viver”.

Ele apoiou a pioneira legalização da maconha em seu país: “Em nenhuma parte do mundo a repressão ao consumo de drogas trouxe resultados. É hora de tentar algo diferente”, disse Mujica, na época. Então, nesse ano, o Uruguai se tornou o primeiro país a regular legalmente a produção, venda e consumo de maconha. A lei permite que indivíduos cultivem certo montante por ano e o governo controla o preço da maconha vendido nas farmácias. A lei exige que consumidores, vendedores e distribuidores que tenham uma licença emitida pelo governo. A experiência uruguaia almeja tirar o mercado dos traficantes de drogas e tratar o vício às drogas como um assunto de saúde pública. O experimento promete ainda ecoar por todo o mundo.

Em 2013, Mujica assinou a lei que transformou o Uruguai a ser o segundo país da América Latina (depois da Argentina) a legalizar o casamento entre pessoas do mesmo sexo: Ele disse que legalizar o casamento homossexual é simplesmente reconhecer a realidade: “Não tornar isso legal seria uma tortura desnecessária para algumas pessoas”. Recentemente, o Uruguai também avançou na questão de permitir que homossexuais – até casais – sirvam nas forças armadas.

 Ele não tem medo de bater de frente com os abusos de grandes corporações, como deixa evidente a batalha épica de seu governo contra o gigante do tabaco norte-americano, Philip Morris: Um ex-fumante, Mujica disse que o tabaco é um matador que deve ser mantido sob controle. Mas a Philip Morris está processando o Uruguai em 25 milhões de dólares no Centro Internacional para Arbitragem de Disputas sobre Investimentos, pois as rígidas leis do país sobre o cigarro proíbem que se fume em espaços públicos fechados e requerem rótulos de advertência – incluindo imagens gráficas sobre os efeitos na saúde (quase igual ao Brasil). A Philip Morris é a maior empresa da indústria do cigarro nos EUA, possui enormes interesses comerciais ao redor do mundo e um muito bem pago exército de advogados. A batalha do Uruguai contra esse Golias norte-americano também terá repercussões globais.

 Ele apoiou a legalização do aborto no Uruguai (seu antecessor havia vetado a lei): A lei é bem limitada, comparada às dos EUA e da Europa. Ela permite o aborto dentro das 12 primeiras semanas de gestação e exige que a mulher se encontre com uma banca de médicos e assistentes sociais para esclarecer os riscos e possíveis efeitos colaterais de um aborto. Mas essa lei é a mais liberal sobre o aborto na católica e conservadora sociedade latino-americana e é um passo claro na direção certa para os direitos reprodutivos da mulher.

Ele é um ambientalista tentando limitar a necessidade do consumo. Na conferência Rio+20, de 2012, ele criticou o modelo de desenvolvimento advogado pelas sociedades ricas: “Nós podemos reciclar praticamente tudo hoje. Se vivêssemos dentro de nossas necessidades –ao ser prudente – as 7 bilhões de pessoas no mundo teriam tudo o que elas precisam. As políticas globais deveriam caminhar nessa direção”, disse ele. Recentemente, Mujica também rejeitou um projeto conjunto com o Brasil que iria fornecer a seu país energia barata vinda do carvão, por conta de seus receios em relação a dano ambiental.

Ele tem focado na redistribuição da riqueza nacional, alegando que sua administração reduziu a pobreza de 37% para 11%. “Empresários apenas querem aumentar seus lucros; cabe ao governo garantir que eles distribuam o suficiente desses lucros para que os trabalhadores tenham dinheiro para consumir os bens que produzem”, ele discursou na Câmara do Comércio dos EUA. “Não é mistério algum que menos pobreza, mais comércio. O investimento mais importante que podemos fazer está nos recursos humanos”. As políticas de redistribuição de seu governo incluem estabelecer os preços em bens essenciais como leite, por exemplo, e o fornecimento de computadores e educação para todas as crianças, de graça.

Ele se ofereceu para receber os detentos libertados de Guantánamo: Mujica chamou a prisão norte-americana na Baía de Guantánamo, em Cuba, como uma “desgraça” e insistiu que o Uruguai tomasse a responsabilidade em ajudar o fechamento do centro de detenção. A proposta é impopular no Uruguai, mas Mujica, que foi um prisioneiro político por 14 anos, disse que ele “está fazendo isso pela humanidade”.

Ele se opõe à guerra e ao militarismo. “O mundo gasta 2 milhões de dólares a cada minuto em recursos militares”, exclamou horrorizado aos estudantes da American University. “Eu costumava pensar que haviam guerras nobres e justas, mas eu não acredito mais nisso”, disse o ex-guerrilheiro. “Hoje, acho que a única solução são negociações. A pior negociação é preferível à melhor guerra, e a única maneira de garantir a paz é cultivar a tolerância”.

Ele tem uma adorável cadela de três patas: Manuela perdeu uma pata quando Mujica acidentalmente a atropelou com um trator. Desde então, Mujica e Manuela são praticamente inseparáveis.

A influência de Pepe Mujica vai muito além de ser o líder de um pequeno país de 3 milhões de pessoas. Em um mundo faminto por alternativas, as inovações que ele e seus colegas estão promovendo colocaram o Uruguai no mapa como uma das governanças progressistas e criativas mais empolgantes.

Muitas vezes um humilde lavrador, com as mão calejadas de dar alimento ao solo que pisa e ensinar às pessoas que não existe pobreza nem gente pobre. Eu, que sou apolítica tirei meu chapéu para ele pois já faz tempo que luto pela IGUALDADE pois homens e mulheres só diferenciem no físico pois seus cérebro podem funcionar com o mesmo grau de educação, inteligência, companheirismo, para produzir qualquer coisa... A isso chamamos de cultura; e ela abrange os dois sexos.



Texto de: JUSSARA SARTORI
Escritora, Poetisa & Freelance

UN PO'DI PARITA EAPPEZZAMENTO PER L'AMBIENTE

Rimasi affascinato da questo grande maestro, il suo modo di amministrare Uruguay, il suo paese, nonostante sia considerato da molti suoi connazionali di una persona ambigua. Come possono persone piace etichettare se vive nella sua piccola fattoria, godendo poco o nulla del suo stipendio presidenziale, utilizzando mezzi di trasporto come Wolkswagem arcaico, che oggi è un pezzo da museo e cerca di aiutare il suo governo con l'uguaglianza, in modo che tutti vivono bene e il povero dalla povertà. Questo signore "meraviglioso", prima che il mio modo onesto per guardare mandati politici.
 
 Egli è veramente un esempio di vita e di saggezza politica a tutti i governi del mondo. Per essere più chiaro in quello che dico, il presidente uruguaiano José "Pepe" Mujica, un ex guerrigliero marxista 78 anni - 14 di passarli in carcere e per lo più in isolamento, ha recentemente visitato gli Stati Uniti per incontrare il presidente Barack Obama, in cui hanno parlato di vari argomenti. Ha detto che Obama gli americani dovrebbero fumare di meno e imparare più lingue. Indirizzata una stanza piena di uomini d'affari presso la Camera di Commercio sui benefici nella redistribuzione della ricchezza e l'aumento dei salari per la classe operaia. Ho parlato con gli studenti presso l'Università americana che non ci sono "guerre giuste". Qualunque sia il pubblico, ha parlato spontaneamente e con tanta onestà brutale che era difficile non amare questo uomo.

Vive con semplicità e rifiuta i benefici della presidenza: Mujica ha rifiutato di vivere nel palazzo presidenziale o di avere un "corteo motorizzato." Vive in una casa appena un quarto della fattoria e di sua moglie guida un 1978 VW "Ci sono stati molti anni che sarei felice di avere solo un materasso", ha detto Mujica, riferendosi al suo tempo in prigione. Egli dona oltre il 90% del suo stipendio di 12.000 dollari per beneficenza - che lo mette sullo stesso livello di reddito di un cittadino uruguaiano comune. Quando tassato "il presidente più povero del mondo", ha anche rifiutato l'etichetta: "Una persona povera non è colui che ha poco, ma uno che ha bisogno sempre di più e sempre più. Io non vivo in povertà, vivere semplicemente. Ho bisogno di un paio di cose da vivere. "

Ha sostenuto la legalizzazione della marijuana pioniere nel suo paese: "In nessuna parte del mondo, giro di vite sul consumo di stupefacenti ha portato risultati. È il momento di provare qualcosa di diverso ", ha detto Mujica al momento. Così quest'anno, l'Uruguay è diventato il primo paese a regolamentare giuridicamente la produzione, la vendita e il consumo di marijuana. La legge consente alle persone di crescere un determinato importo annuo e il governo controlla il prezzo della marijuana venduta nelle farmacie. La legge richiede che i consumatori, rivenditori e distributori che hanno una licenza rilasciata dal governo. L'esperienza uruguaiano mira a rendere il mercato dei trafficanti di droga e trattare la tossicodipendenza come un problema di salute pubblica. Le promesse esperimento ancora riecheggiano in tutto il mondo.

Nel 2013, Mujica ha firmato la legge che trasforma l'Uruguay ad essere il secondo paese in America Latina (dopo l'Argentina) a legalizzare il matrimonio tra persone dello stesso sesso: Ha detto che legalizzare il matrimonio gay è semplicemente riconoscere la realtà: "Non fare raffreddare sarebbe una tortura inutile per alcune persone. "Recentemente, l'Uruguay anche avanzato in materia di permettere omosessuali - Anche le coppie - servono nelle forze armate.

Lui non ha paura di andare contro gli abusi delle grandi imprese, rende chiaro come l'epica battaglia del suo governo contro il gigante American Tobacco, Philip Morris: Un ex fumatore, Mujica ha detto che il tabacco è un killer che devono essere tenuti sotto controllo. Ma Philip Morris ha citato in giudizio l'Uruguay in 25 milioni dollari presso il Centro Internazionale per la risoluzione delle controversie relative agli investimenti, come severe leggi del paese sul divieto di fumo fumare negli spazi pubblici chiusi e richiedono etichette di avvertimento - incluse le immagini grafiche su effetti sulla salute (molto come il Brasile). Philip Morris è la più grande azienda del settore del tabacco negli Stati Uniti, ha enormi interessi commerciali in tutto il mondo e un esercito di avvocati ben pagati. La battaglia dell'Uruguay contro questo Golia americano avrà anche ripercussioni globali.

Ha sostenuto la legalizzazione dell'aborto in Uruguay (suo predecessore aveva posto il veto alla legge): La legge è piuttosto limitata rispetto agli Stati Uniti e in Europa. Esso permette l'aborto entro le prime 12 settimane di gravidanza e richiede alla donna di incontrare un gruppo di medici e assistenti sociali per chiarire i rischi ei possibili effetti collaterali di un aborto. Ma questa legge è più liberale sull'aborto e conservatrice cattolica nella società latino-americana, è un chiaro passo nella giusta direzione per i diritti riproduttivi delle donne.

Si tratta di una necessità ambientale di tentare di limitare il consumo. A Rio + 20, 2012, ha criticato il modello di sviluppo sostenuto da società ricche: "Siamo in grado di riciclare quasi tutto oggi. Se abbiamo vissuto all'interno delle nostre esigenze -ao essere prudente - i 7 miliardi di persone nel mondo avrebbero avuto tutto ciò di cui hanno bisogno. Politiche globali dovrebbero muoversi in questa direzione ", ha detto. Recentemente, Mujica ha anche respinto un progetto congiunto con il Brasile che il suo paese avrebbe fornito energia a basso costo dal carbone, a causa delle loro paure circa i danni ambientali.

Egli si è concentrata sulla redistribuzione della ricchezza nazionale, sostenendo che la sua amministrazione ha ridotto la povertà dal 37% al 11%. "Gli imprenditori vogliono solo aumentare i loro profitti; il governo dovrebbe garantire che distribuiscono tali utili sufficienti per i lavoratori di avere i soldi per consumare i beni che producono ", ha rivolto la Camera di Commercio. "C'è un mistero che meno povertà, più commercio. L'investimento più importante che possiamo fare è nelle risorse umane. "Politiche di redistribuzione del suo governo includono fissazione dei prezzi su beni di prima necessità come latte, per esempio, e la fornitura di computer e di istruzione per tutti i bambini, gratuito.

Si è offerto di ottenere detenuti rilasciati da Guantanamo: Mujica ha chiamato la prigione americana di Guantanamo Bay, a Cuba, come una "vergogna" e ha insistito che l'Uruguay ha preso la responsabilità di assistere la chiusura del centro di detenzione. La proposta è impopolare in Uruguay, ma Mujica, che era un prigioniero politico per 14 anni, ha detto che "sta facendo questo per l'umanità."

Egli si oppone la guerra e il militarismo. "Il mondo spende 2 milioni dollari ogni minuto sulle risorse militari," esclamò studenti inorriditi alla American University. "Ho usato per pensare erano nobili e guerre giuste, ma non credo che più", ha detto l'ex guerrigliero. "Oggi, credo che l'unica soluzione è negoziati. La peggiore trading è preferibile alla migliore guerra, e l'unico modo per garantire la pace è coltivare la tolleranza ".

Ha un adorabile cagna a tre gambe Manuela ha perso una zampa quando Mujica accidentalmente ha investito con un trattore. Da allora, Mujica e Manuela sono praticamente inseparabili.

L'influenza di Pepe Mujica va ben oltre l'essere il leader di un piccolo paese di 3 milioni di persone. In un mondo affamato di alternative, le innovazioni lui ei suoi colleghi stanno promuovendo messo Uruguay sulla mappa come uno dei più emozionanti Governance progressivi e creativi.

Spesso un umile contadino, con cajadas mano per dare cibo a terra si cammina su e insegnare alla gente che non c'è povertà o poveri. Io, che sono apolitico tolsi il cappello a lui per qualche tempo in lutto per la PARITA perché gli uomini e mulherem diferecem solo nel fisico, perché il vostro cervello può funciornar con lo stesso livello di istruzione, l'intelligenza, la compagnia, per la produzione di qualsiasi cosa ... L'che noi chiamiamo la cultura; e comprende entrambi i sessi.
 
 
 
Testo di: JUSSARA SATORI
Scrittrice, Poetessa & Freelance

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

O HOMEM PSICOFEMICIDA


A outra face do médico das estrelas
Roger Abdelmassih é acusado por 40 ex-pacientes de molestá-las em sua clínica. Acusado o médico nega as denúncias de assédio

Sedada depois de ter se submetido a um procedimento de retirada de óvulos para uma fertilização in vitro, a empresária mato-grossense Ivanilde Vieira Serebrenic recuperava-se em uma sala da clínica de reprodução humana mais conhecida do País, liderada pelo médico Roger Abdelmassih, em São Paulo. Deitada em uma maca, ao abrir os olhos, o sonho de Ivanilde de se tornar mãe deu lugar a um pesadelo que a acompanha até hoje, dez anos depois do episódio.

"Acordando, ainda grogue, vi que eu estava com o pênis do doutor na mão. Tentei me levantar, cheguei a sentar na maca. Aí, o dr. Roger abaixou o jaleco, disse 'calma, calma, calma' e saiu da sala", conta ela, que estava com 34 anos, na época. "Fui chorando ao encontro do meu marido, que
aguardava na recepção da clínica."

Ivanilde, que hoje é presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo (Sincretismo) do Estado de São Paulo, relatou com  que, meses antes desse episódio, foi assediada outras duas vezes pelo médico: uma após uma pequena cirurgia e outra em uma tentativa anterior de fertilização, todas em 1999 (leia depoimento ao lado). Como a empresária, cerca de 40 mulheres procuraram o Ministério Público e disseram ter sido molestadas por Abdelmassih em sua clínica. Elas têm entre 30 e 40 anos, são de pelo menos seis Estados diferentes e contaram histórias semelhantes.

Todas foram encaminhadas à 1ª Delegacia de Defesa da Mulher da capital paulista, onde a delegada Celi Paulino Carlota prepara o inquérito sob segredo de Justiça. Por intermédio de seu advogado, Adriano Vanni, Abdelmassih nega veementemente todas as acusações. Em nota, ele disse: "Confio nos trâmites da Justiça e tenho a certeza de que estará nela a minha resposta."

Diferentemente das outras ex-pacientes que disseram ter sofrido abusos do médico, a empresária sul-matogrossense, hoje com 44 anos, teve a coragem de revelar sua identidade antes de relatar o caso às autoridades, o que deverá acontecer na segunda feira 19. Ivanilde, que conseguiu engravidar após procurar outro centro de reprodução assistida, apresentará ainda os documentos que comprovam o tratamento na clínica do médico. "O dr. Roger se valeu da força física e da sedação para molestar suas pacientes. Mas a investigação deve se estender para outras práticas do médico", diz um promotor do Ministério Público

Ele e os colegas Roberto Porto e José Reinaldo Carneiro, todos do Gaeco, um grupo especial de combate ao crime organizado, passaram a investigar Abdelmassih, no início do ano passado, a partir da denúncia de Cristiane da Silva Oliveira, uma ex funcionária da clínica dele que diz ter sido assediada pelo ex-patrão e tentou chantageá-lo. Uso indevido de óvulos e manipulação cênica supostamente feitos por Abdelmassih também estão sob a mira das autoridades. Suspeita-se ainda que funcionários, como o filho do médico, o ginecologista Vicente, sabiam das práticas escusas que ocorriam ali dentro. "Em uma investigação, você começa apurando uma história e vão aparecendo outras".

"Acordei com o dr. Roger apalpando os meus seios", denúncia A empresária Ivanilde Vieira diz ter sido molestada enquanto estava sedada. "Era um final de tarde. Eu e meu marido fechamos um pacote com três tentativas de fertilização por cerca de R$ 32 mil, em 1999, com o próprio Roger Abdelmassih. No mesmo dia, colhi sangue e fiz um ultrassom intravaginal.

O exame apontou um problema em uma das minhas trompas. Marcamos a cirurgia para uma semana depois. Dias após a operação, voltei na clínica para a retirada de um ponto no umbigo No procedimento, ele sangrou, tive muita dor e entrei chorando na sala do dr. Roger. Enquanto me consolava, ele dizia: 'Você é uma paciente, está em um momento delicado da vida.' Ele me abraçou e, enquanto eu chorava, tentou me beijar.

Como eu estava com batom vermelho, virei o rosto e manchei o jaleco dele. Saí da sala e fui embora sozinha. Meu marido estava viajando, na época. Parei em um posto de gasolina e fui ao banheiro. O cheiro do dr. não saía de mim, aquele cheiro de éter. Como já tinha pago o pacote de fertilizações, havia feito uma operação para a retirada da trompa, optei por iniciar o tratamento. Voltei à clínica quase dois meses depois.

 Lá, fui sedada e meus óvulos foram retirados para serem fecundados. Encaminhada para uma sala de recuperação, acordei com o dr. Roger apalpando os meus seios. Meio sonolenta, pensei: 'Acho que estou sonhando, não é real, é coisa da minha cabeça.' Meu marido estava me aguardando na clínica e fomos embora, numa boa. Mas fiquei com aquilo na cabeça, com medo de falar para qualquer um. Achava que eu tinha ficado com trauma por ele já ter tentado me beijar. Não engravidei nessa primeira tentativa de fertilização.

Como tinha mais duas, retornei à clínica 50 dias depois. E fui molestada no mesmo processo. Acordando da sedação, ainda grogue, vi que eu estava com o pênis dele na mão. Ele viu que eu havia despertado, tentei me levantar, cheguei a sentar na maca. Aí, o dr. Roger abaixou o jaleco, disse 'calma, calma, calma', e saiu da sala. Saí na sequência, e não o vi mais ali na clínica. Fui chorando ao encontro do meu marido, que estava na recepção.

 Ele me perguntou o que tinha acontecido e eu disse: 'Tá doendo'. Mais tarde, meu marido até ligou na clínica pedindo algum medicamento para a dor. Mas eu teria de voltar na clínica para fazer a transferência (quando o embrião fecundado é implantado no útero da mulher), para pegar meu filho, claro. Bom, fui e fiz a transferência. Voltei para casa e aguardei dez dias para ver se dava certo. Não deu. Aí, eu fiquei mal.

Estava irritada, muito gorda de tanto hormônio, com colesterol alto. Foi quando, em casa, disse ao meu marido que não queria mais ser mãe, que a experiência que tive com o dr. Roger estava acabando com meu físico e emocional. E contei para ele o abuso. Ele ficou revoltado, pensou em denunciar, mas não fizemos isso. Fui para um spa para emagrecer, quis ficar sozinha. Tempos depois consegui ter três filhos com a ajuda de um outro especialista em fertilização." HOLOFOTES Na clínica do médico foram gerados os filhos da atriz Luiza Tomé e de Pelé

O centro de reprodução humana assistida do urologista Roger Abdelmassih é um dos mais modernos da América Latina. Em 20 anos de funcionamento, gerou 7.500 bebês, graças ao trabalho desenvolvido pelo médico ali dentro. Aos 65 anos, um dos pioneiros da fertilização in vitro do País, Abdelmassih investe todo ano US$ 1 milhão em pesquisas científicas para manter o alto índice de sucesso de gestações.

Suas fotos sorrindo ao lado de clientes famosos, como o ex-presidente da República Fernando Collor de Mello, o ex-jogador Pelé e a atriz Luiza Tomé, mostram que o dinheiro investido lhe trouxe popularidade e uma boa conta bancária. Na clínica, são feitas mais de mil fertilizações anuais. Um pacote com três tentativas custa R$ 38 mil. "Ele é afetivo. Vai ver que elas não entenderam direito. Será que não é delírio dessas mulheres, até um desejo oculto?", diz Luiza Tomé.

Mas, segundo as ex-pacientes, fora dos holofotes e sempre amparado pela segurança das salas de seu consultório, o médico simpático mostrava outra personalidade. Outras pessoas também reclamaram das práticas de Abdelmassih ao Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp). No órgão, até 2007, havia 14 processos contra o médico por abuso sexual e manipulação gênica, a maioria arquivada por falta de provas.

Na segunda-feira 12, à noite, segundo um delegado do Cremesp, o presidente do órgão, Henrique Carlos Gonçalves, convocou uma reunião com conselheiros e diretores e pediu para que eles impetrassem um mandado no órgão pedindo a suspensão temporária do registro médico de Abdelmassih. Mais: disse que assinaria a suspensão sozinho, se preciso fosse, mesmo se não tivesse o apoio dos colegas. "São muitas mulheres (abusadas sexualmente). É um indício fortíssimo de culpa", disse Gonçalves, após tomar conhecimento da investigação policial.

 Oficialmente, o Cremesp já advertiu o papa da fertilização in vitro do País por concluir que houve infração ao código de ética médica por relacionamentos indevidos dele com laboratórios farmacêuticos e farmácias.

Ao ser confrontado com o depoimento das ex-pacientes, Abdelmassih terá muito o que explicar. Outras duas vítimas ouvidas não quiseram se identificar aguardam ansiosamente por esse dia. A engenheira Andréa (nome fictício), 45 anos, diz que em 1997, por volta das 19h, Abdelmassih a acuou contra a estante de uma das salas da clínica.

 "Fui indo para trás, ele me pegou e começou a me beijar. De repente, o filho dele, Vicente, bateu à porta", conta Andréa, que não engravidou e foi uma das primeiras a relatar o caso ao MP. "Saí correndo passando por baixo do braço do dr. Roger. Para mim, o filho dele sabia das histórias todas e foi lá me salvar."Um  advogado paulista, 47 anos, conta que sua esposa, a publicitária Márcia, 42 anos, acordou da anestesia na clínica de Abdelmassih, após a retirada dos óvulos, e viu o médico com a genitália para fora da calça, dizendo: "Me beija, me beija, me beija." Márcia, que fez uma tentativa e não engravidou em 2004, só revelou o fato ao marido um ano depois.

 "É dramático, porque ela tomou injeção na barriga, sofreu o abuso e sabia que o filho ainda estava na clínica. Por isso, ela quis retornar lá para que o embrião fosse implantado em seu útero", diz Ronaldo. E completa: "O dr. Roger sabe e usa desse artifício. É médico, fica por dentro das histórias mais íntimas das pacientes e se favorece da fragilidade e do sonho delas de ser mãe."



Texto de:JUSSARA SARTORI
Escritora, Poetisa & Freelance