Filha
de Mauro Albuquerque Furtado e Maria Lady Nascimento Furtado, era ativa
militante do movimento estudantil nos anos 1967–68, estudava
psicologia na
Universidade de São Paulo e colaborava na imprensa da
União Nacional dos Estudantes (UNE), de São Paulo. Militando inicialmente no
PC do B, trabalhou como bancária na agência do
Banco do Brasil no bairro do
Brás. Após a implantação do
AI-5, passou a atuar politicamente na clandestinidade.
Ingressando na luta armada, participou do assalto à Casa de Saúde Dr. Eiras, em
Botafogo,
no Rio, em 2 de setembro de 1971, quando foram mortos o chefe de
segurança Jayme Cardenio Dolce e mais dois seguranças da instituição.
Durante uma batida policial realizada por uma patrulha do 2º Setor de Vigilância Norte, em 9 de novembro de 1972, em
Parada de Lucas, no
Rio de Janeiro, onde se encontrava num "
fusca"
com o companheiro de guerrilha Herbert José Gomes Goulart, resistiu à
abordagem e após rápido tiroteio, que resultou na morte de um policial
atingido por ela, o detetive Mário Domingos Panzariello, acabou sendo presa, ferida por um tiro que lhe destroçou o joelho.
Sofrendo sevícias desde o momento de sua prisão na via pública, ela foi
encaminhada à "Invernada de Olaria" – grande delegacia da polícia civil
no subúrbio carioca ligada ao
Esquadrão da Morte e hoje sede de um batalhão da PM – onde sofreu torturas no
pau-de-arara, sessão de choques elétricos, somados a espancamentos, afogamentos e queimaduras. Aurora foi submetida ao suplício da "
Coroa-de-cristo", ou seja "torniquete", uma tira de aço com parafusos colocada em volta da cabeça que gradativamente apertada leva ao esmagamento do
crânio fazendo os olhos saltarem para fora das órbitas. Ceio que muitos compositores que escrevem sobre à mulher nestas circunstâncias, foi deportado nesta horrível época. Eu não quero isto para mim nem para os meus filhos. Onde estava Deus neste momento? ELE entregou seu filho, JESUS CRISTO, e muitas pessoas que foram torturadas e mortas aqui, no Brasil, na Itália, Alemanha, onde conheci o que restou do Muro de Berlim e o cemitério dedicado aos Judeus, que foram torturados e mortos por Hitler, aquele maluco. Mas... Continuando à história de Aurora Maria Nascimento Furtado.....
No dia seguinte, o seu corpo foi encontrado crivado de balas na esquina das ruas Adriano com Magalhães Couto, no bairro do
Méier
(RJ), junto a um veículo VW, placa DH-4734, marcado de tiros. Segundo
versão oficial divulgada pelos órgãos de segurança, a militante teria
morrido durante uma tentativa de fuga da guarnição da rádio-patrulha que
a prendera.
O corpo de Aurora foi submetido à
necrópsia no
Instituto Médico Legal, pelos drs. Elias Freitas e Salim Raphael Balassiano, cujo laudo determinou como
causa mortis
"ferimentos penetrantes na cabeça". As fotos que acompanharam o laudo
de perícia do local, de nº 6507/72, mostraram marcas de tortura no
corpo, aprofundamento do crânio e escoriações nos olhos, no nariz e
boca, que não foram relatadas na necrópsia.
O pai da militante morta, Mauro Albuquerque Furtado, reconheceu o
corpo da filha em 11 de novembro de 1972, que foi levado à São Paulo
onde foi entregue à família em caixão lacrado, com a determinação para
que não fosse aberto. A família não só não acatou tal ordem como também,
através de advogados, obteve nova necrópsia do IML, que constatou no
corpo de Aurora, inúmeros sinais das torturas sofridas (queimaduras,
cortes profundos, hematomas generalizados) com um afundamento no crânio
de cerca de 2 cm, proveniente do emprego da "coroa de cristo", a
causadora da morte.
Eni Moreira, advogada de presos políticos durante a ditadura militar,
que liberou o corpo de Aurora a pedido da família, relatou tê-lo visto
dilacerado, com afundamento do maxilar, um corte do umbigo à vagina,
fratura externa num dos braços, sem unhas, bicos dos seios arrancados e
um olho saltado, resultante do esmagamento do crânio.
Eni chorou ao dar uma entrevista, a qual eu pude ver, depois de tantos anos. Tudo isto por causa do atual tirano, presidente Temer Vampiro. Eni chorou ao relatar tudo que viu e eu chorei também, por pensar que têm muita gente querendo a ditadura militar, que é triste, dolorosa, para quem cai nas mãos do exército. Naquele tempo eu era apenas uma garotinha, mas me lembro bem, quando o meu pai me mandava ao correio, pegar às correspondências na caixa e eu via àquela lista imensa de pessoas que foram se refugiar em outros países, para não serem torturados nem mortos. Na época eu não entendia nada destas coisas, mas fiquei sabendo que várias pessoas morreram (no mínimo sobre tortura violenta, com a de Aurora Maria Nascimento Furtado. Sinto-me realmente mal quando leio, escuto ou vejo documentários de pessoas que sumiram e nunca mais apareceram. Lembro-me daquela música linda, Pra não dizer que não falei das flores (onde está seu compositor e cantor? A musica, de letra tão linda, que emociona até hoje, é escutada com emoção... E, agora, tem pessoas que pedem a ditadura militar... O homem em si já é um monstro.... No comando das leis, pelo que entendo você tem que estar sempre de boca chiusa; não pode expressar seus sentimentos; não tem direito à nada. Meu Deus! Em que país nasci? Ainda bem que vivo pelo avesso, onde minha vida não depende da realidade perversa, de homens mais perversos ainda. Tenho estado muito preocupada e nervosa com este presidente que Deu o golpe e usurpou de um governo que náo era dele; para roubar, roubar , roubar.
Tenho pena de quem esta querendo que o governo se torne uma ditadura militar..Por que estas pessoas não se mudam para a Venezuela? É tão perto daqui!
Mas eu, ainda, hei de me mudar para a Europa, para sempre. Estive lá um mês, em fevereiro e pude ver a diferença de cultura. Brasileiro é "burro"... Com toda certeza é burro.
Versões das responsabilidades
Os relatórios das
Forças Armadas até hoje são omissos sobre o assunto. Em depoimento ao livro
Anos de Chumbo, o ex-comandante do
DOI-CODI do
I Exército, general
Adyr Fiuza de Castro, afirmou que Aurora foi presa, durante uma batida contra o
tráfico de drogas, e morta, sob
tortura, pela
polícia civil, por ter matado um policial com um tiro no rosto durante a abordagem. Segundo ele, a
polícia civil foi a única responsavelpela captura e morte Aurora, sem conhecimento da
polícia política.
No mesmo depoimento, o general Fiuza destaca a coragem de Aurora no
confronto com a polícia, que, segundo ele, mesmo torturada até a morte,
nada disse a seus torturadores, que imaginaram o tempo todo estarem
tratando com uma grande
traficante de drogas.
Anos depois, o
cineasta e ex-preso político
Renato Tapajós, cunhado de Aurora ao tempo de sua morte, em depoimento à seção paulista da
Comissão da Verdade, desmentiu a versão de Fiuza, e afirmou que seus torturadores eram agentes da
repressão política. Segundo Tapajós, a batida policial em
Parada de Lucas
não foi aleatória, nem a abordagem do veículo onde ela se encontrava
foi casual, mas um cerco da repressão na área, feito pela polícia e com a
participação de agentes do
CISA, o
serviço de inteligência da
Aeronáutica.
Homenagens
Após a redemocratização do país, Aurora batizou o nome de duas ruas, uma no bairro de
Bangu, no Rio de Janeiro
e outra no distrito de
Jaçanã, na cidade de
São Paulo.
Seu cunhado na época, Renato Tapajós, escreveu um livro em forma de
romance sobre sua sua trajetória de vida,
Em Câmera Lenta, em 1977.
Texto dividido com o original, contendo o que penso desta época horrível e tipo de tratamento às mulheres e aos homens, durante muitos anos. Muitas pessoas estão desaparecidas até hoje. No mínimo devem estar mortas. Chamo o brasileiros de burro por não saber elaborar às suas ideias, mesmo tendo frequentado uma universidade. Amigos, pensem e vejam o que querem para o país em que nasceram e pensem: - Nosso país é tão lindo e nós mesmo estamos avacalhando com ele. Eu me desculpo pela parte que me cabe mas, não posso fazer lavagem cerebral em quem venda os olhos e arrolham os ouvidos. Desculpe-me ter trazido à tona história tão triste... Mas ela me veio de graça. Pensem no país que querem para vocês e seus filhos (estão sofrendo de uma lavagem cerebral sem se darem conta disto. Então vamos acordar e lutar pelos seus direitos verdadeiros, e não o que o William Bonner sussurra nos seus ouvidos toda noite. Eu não assisto mais à televisão nem outro canal. Já estou cansada de escutar mentiras, que me deixam possessa de raiva e não poder fazer nada para melhorar. é assim que me despeço de vocês hoje; mito triste e com vontade de chorar....
JUSSARA SARTORI
ESCRITORA|POETISA|ESCRITORA
